Governadores e vice-governadores apresentam suas demandas ao relator da reforma tributária

Senador Eduardo Braga ouviu atentamente as falas dos governadores no plenário do Senado

Em quase cinco horas de debate no plenário do Senado, o relator da reforma tributária, senador Eduardo Braga (MDB-AM), ouviu nesta terça-feira (29/08) as demandas e sugestões de 18 governadores e vice-governadores que fizeram uso da palavra durante audiência temática promovida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com o objetivo de se construir um consenso federativo em torno da matéria.

Entre as principais preocupações apresentadas estão a governança do Conselho Federativo, o tamanho do Fundo de Desenvolvimento Regional e o percentual destinado para o seguro receita que será destinado para cobrir as maiores perdas dos estados e municípios.

“A maioria dos estados apresentou praticamente pontos comuns de preocupação. O Conselho Federativo foi um dos temas mais levantados. Haveremos de contribuir para que o Conselho Federativo tenha o formato e as garantias que precisamos dar aos estados e municípios, e assim possa funcionar como um órgão técnico administrativo”, observou o senador, após críticas contundentes de alguns governadores como o de Goiás, Ronaldo Caiado, para quem o Conselho Federativo usurparia as atribuições do próprio Senado.

Citando um exemplo dado pelo governador de Santa Catarina, Jorginho Melo, Eduardo Braga tentou amenizar as críticas à centralização da arrecadação dos impostos sobre o consumo e os critérios de distribuição dos recursos, que serão geridos pelo Conselho Federativo.

“Nós ouvimos aqui o governador Jorginho Melo, que deu como exemplo o Simples Nacional, a ser cumprido, cujo o recolhimento é feito em sistema único nacional compartilhado entre União, estados e municípios. E funciona de que forma? Com um sistema centralizado, com um comitê técnico administrativo que compartilha esses recursos sem nenhuma discussão”, destacou.

Fundo de Desenvolvimento Regional ─ Outra questão largamente debatida durante a audiência foi a questão do Fundo de Desenvolvimento Regional. “Nós precisamos compreender que estamos discutindo agora o modelo de desenvolvimento do Brasil, que talvez migre do incentivo tributário para o incentivo orçamentário e financeiro. E aí há uma nova lógica que vai ser discutida”, salientou Braga.

Na avaliação do relator da reforma tributária, um tema que terá de ser analisado em conjunto com o governo é o tamanho do Fundo de Desenvolvimento Regional e os critérios para a distribuição de seus recursos: “Foi colocado aqui, quase pela unanimidade dos estados, que com R$ 40 bilhões, o lençol está curto em relação à demanda que acontecerá ao longo do tempo. Esse é um tema que terá de ser discutido pelos governadores junto com o governo federal, pelas bancadas dos estados no Senado e na Câmara, junto ao governo federal, porque é uma demanda que foi colocada de forma federativa no Senado no dia de hoje”.

A questão do seguro receita também foi colocada de forma muito clara pelos governadores. O do Mato Grosso, Mauro Mendes, chegou a sugerir que o percentual da arrecadação destinado para compensar as perdas dos estados suba de 3% para 5%. “Outro tema discutido foi o da limitação temporal dos fundos específicos que foram estabelecidos. Acho que essa é uma questão que também precisa ser discutida com clareza”, acrescentou Braga.

O senador ficou de analisar os incentivos para o modelo automotivo do Nordeste. “Acho que há um encaminhamento que está sendo conversado e amadurecido com relação à inovação tecnológica e a transição energética que o país precisa encontrar”, sinalizou.

Eduardo Braga aproveitou a audiência com os governadores e vice-governadores para voltar a defender o equilíbrio federativo entre as diferentes regiões do país e reiterou sua disposição para ouvir, dialogar e construir um texto consensual para que o Brasil tenha promulgada até o fim do ano a tão almejada reforma tributária.

“Nós estamos no caminho do diálogo, da construção das modificações que são necessárias para o aprimoramento do texto, mas um fato é absolutamente consensual: que o Brasil precisa de uma reforma que simplifique, que dê segurança jurídica, que dê equilíbrio federativo, que dê transparência e que dê neutralidade da carga tributária”, defendeu.

O senador, no entanto, fez um alerta para que não se confunda neutralidade da carga tributária com alíquota. E explicou: “A alíquota será matéria para a lei complementar, a neutralidade da carga tributária é o limite do poder de tributar, que pode ser um comando constitucional. Isso é uma matéria que o Senado vai ter de deliberar e que terá de negociar seja com o governo, com a sociedade brasileira. E se o Senado entender que este é o caminho, terá de negociar com a Câmara dos Deputados. E se for um comando constitucional, o governo terá de se ajustar. E nós teremos de ajustar do comando constitucional para as leis infraconstitucionais, inclusive com relação às despesas. Esse é assim que funciona o pacto federativo”.

Para Braga, há um consenso hoje entre a maioria dos senadores e até na sociedade brasileira, de que há de assegurar um limite na carga tributária. “Creio que esse é um caminho que estamos construindo, com diálogo construtivo junto com estados, municípios, setor produtivo e com o governo, que a gente possa construir um texto que represente as expectativas de um país que quer crescer, gerar emprego, com justiça social, com desenvolvimento econômico e de forma sustentável para as futuras gerações, concluiu.

Fonte:  Assessoria de Imprensa

FOTOS: Agência Senado