Pesquisadores desenvolveram um estudo que aponta estratégias de manejo de pragas e doenças nos plantios de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) no Amazonas. A pesquisa indica que para a sustentabilidade do cultivo dessa frutífera são necessárias algumas medidas como, por exemplo, boas práticas agrícolas e capacitação de técnicos, agricultores e produtores rurais do estado.
Desenvolvida em unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Amazonas, Rondônia e Brasília, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac AM e RO) e áreas de produtores, a pesquisa conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado) edital Resolução N. 002/2008.
A coordenadora do projeto, Aparecida das Graças Claret de Souza, explica que a pesquisa teve foco em dois dos principais problemas fitossanitários: a doença conhecida como vassoura-de-bruxa e o inseto-praga popularmente conhecido como broca-do-fruto, que atacam as lavouras de cupuaçuzeiros e causam prejuízos e perdas ao plantio.
“O cupuaçuzeiro é uma cultura geradora de renda aos agricultores, que geralmente comercializam o fruto inteiro, a polpa congelada ou mesmo iguarias como balas, tortas, bolos, biscoitos, sucos e cremes. Porém, os produtores perdem em competitividade, pois normalmente cultivam o cupuaçuzeiro sem as práticas tecnológicas recomendadas” explicou.
A pesquisadora informa que as larvas do inseto-praga, broca-do-fruto, se desenvolvem no interior do cupuaçu, e consequentemente os frutos ficam impróprios para o consumo, para a comercialização e causam perdas na produção e na renda do produtor.
Já o outro problema agrícola muito comum é a vassoura-de-bruxa, uma doença causada pelo fungo Moniliophtora perniciosa, que tem gerado mais de 70% de perda na produção de cupuaçu em muitas áreas de plantios no Amazonas.
Para Aparecida, boas práticas de manejo podem mitigar esses problemas agrícolas, bem como evitar que se alastrem em uma área de cultivo. “Se um produtor não toma nenhuma medida para o controle da broca-do-fruto e da vassoura-de-bruxa, não somente o plantio dele ficará prejudicado, mas o plantio dos vizinhos também”, disse.
Resultados – O estudo apontou que somente 25% dos agricultores fazem a poda fitossanitária da vassoura-de-bruxa e, na grande maioria, os plantios são tomados pela doença, acarretando perdas. Verificou-se também a incidência da broca-do-fruto que foi encontrada em 65% das propriedades, causando perda em torno de 60% da produção. Portanto, é importante realizar pesquisa envolvendo todo o sistema de produção e levar conhecimento para o produtor, visando melhoria no cultivo dessa espécie frutífera.
De acordo com a pesquisadora, o estudo contribuiu para o uso de métodos inovadores, para o controle de pragas e doenças, menos prejudiciais ao meio ambiente e que contribuem para o desenvolvimento do sistema de produção do cupuaçuzeiro sustentável.
O projeto capacitou 485 participantes entre técnicos da extensão rural, agricultores e produtores por meio de cursos administrados de forma prática, para que o produtor entendesse a importância das boas práticas agrícolas no manejo de pragas e doenças e consequentemente no aumento da produtividade dos cupuaçuzeiros.
Cartilha – O projeto resultou no lançamento de duas cartilhas sobre boas práticas agrícolas na cultura do cupuaçuzeiro. As publicações têm o objetivo de ajudar o produtor a combater tanto a broca-do-fruto quanto a vassoura-de-bruxa, que afetam a cultura do cupuaçu na região Norte e causam prejuízos e perdas para agricultores. As informações devem auxiliar no aumento da produtividade daqueles que cultivam o cupuaçu no Amazonas.
O projeto de desenvolvimento da cultura do cupuaçuzeiro no Amazonas abrangeu ações integradas entre a pesquisa, a extensão e os agricultores.