Governo britânico, jornal norte-americano e multinacionais vêem na proposta forma de o país cumprir metas de desmatamento
Por considerarem o Brasil um ator importante no cenário climático internacional, o governo britânico, o The Wall Street Journal e a multinacional Shell, entre outras empresas, procuraram o vice-presidente da Câmara, o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), para saber detalhes acerca do seu PL 528/21, que busca regulamentar o mercado de carbono no Brasil. A missão diplomática veio a Brasília conhecer os projetos do país para a Conferência do Clima, que acontece em novembro, Glasgow, na Escócia.
Após a apresentação de Ramos do projeto na embaixada britânica – em análise na Comissão de Meio Ambiente da Câmara e aprovado por unanimidade na Comissão da Indústria e Comércio da Casa – o negociador-chefe do Governo do Reino Unido junto à COP26, Archie Young, e o enviado especial daquele país, John Murton, afirmaram que o PL oferece uma oportunidade de o Brasil cumprir suas metas de redução de desmatamento bem como artigo 6º do Livro de Regras do Acordo de Paris, que regulamenta os mercados de carbono ao redor do mundo.
“O Brasil, que já é líder em matrizes energéticas limpas, tem enorme potencial com a regulação deste mercado, com suas florestas primárias conservadas”, disse Murton. Já Ramos afirmou que, além de contribuir com a proteção das florestas e do planeta, a proposta busca, ainda, combater a pobreza na Amazônia, já que parte dos recursos do pagamento de serviços ambientais serão investidos em projetos econômicos limpos e na conservação da biodiversidade.
“Num país que tem o maior ativo ambiental do planeta, que são as nossas florestas conservadas, não podíamos ficar de fora do mercado de carbono que, em 2019 arrecadou US$ 45 bilhões ao redor do mundo,”, revelou Ramos, acrescentando que o projeto ganha importância num momento em que o Brasil é alvo de críticas da comunidade internacional acerca dos recordes de desmatamento e queimadas.
Wall Street Jornal dedica duas páginas ao PL – O Diário norte-americano The Wall Street Journal, veículo de consulta obrigatória de economistas e de grandes conglomerados internacionais, dedicou duas páginas ao tema e destacou que o projeto, em estágio inicial no Congresso brasileiro, que visa a criar um mercado doméstico para créditos de carbono, foi escrito por Marcelo Ramos, de “um estado com mais do que o dobro do tamanho do Texas e coberto por floresta tropical”.
“Queremos mostrar ao mundo que o Brasil não é refém de políticas equivocadas”, disse Ramos ao jornal, referindo-se aos cortes orçamentários aos órgãos ambientais. O parlamentar revelou também ter sido procurado por diversas empresas e conglomerados multinacionais, como a empresa Shell, que poderão vir a ser potenciais investidores no mercado de carbono brasileiro a fim de mitigar suas emissões de carbono.