Milhares de fiéis visitam esta manhã a Igreja de São Jorge, no centro do Rio de Janeiro, para prestar homenagens ao santo, apesar da chuva na cidade. Popular tanto entre católicos quanto entre umbandistas, São Jorge é um dos símbolos do sincretismo religioso no Brasil.
No Rio de Janeiro, a popularidade do santo é tamanha que, em 2001, a Câmara Municipal tornou o 23 de abril, dia do santo, um feriado municipal. Em 2008, foi a vez da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) tornar o feriado estadual.
As missas de hoje começaram às 5h. Até as 16h, haverá celebrações, de hora em hora, em um palco montado na Avenida Presidente Vargas, próximo à igreja. A última missa, já dentro da igreja, está prevista para as 20h. A expectativa da Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge (nome oficial da paróquia) é que pelo menos 180 mil pessoas passem pelo local hoje.
Segundo o capelão da igreja, Padre Éfren Afonso, São Jorge é, junto com São Sebastião, o santo mais popular entre os cariocas. Segundo ele, o fato do santo, que na umbanda é conhecido como Ogum, atrair pessoas de outras religiões só reforça a união entre as pessoas. “A gente tem que entender que Deus é um só e vem para todos. E isso reforça a união entre nós porque haverá um só rebanho e um só pastor.”
Dona Maria José Araújo, de 90 anos, é católica e participa das celebrações a São Jorge há mais de 60 anos. Ela considera importante haver espaço para todas as religiões. “Meu marido, que era baiano, era da umbanda. E eu acompanhava ele [nos cultos]. Todo domingo eu vou à missa, mas quando tem um culto de umbanda, eu assisto”, disse.
Sônia Maria, de 67 anos, aproveitava um batuque em homenagem ao santo, em um bar na esquina próximo à igreja. “Eu sou católica e umbandista. São Jorge é o símbolo dessa união. É o santo guerreiro.”
Na Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino, na zona norte do Rio, a movimentação deve ser ainda maior. No ano passado, 500 mil fiéis passaram pelo local no dia do santo.
Acredita-se que São Jorge tenha sido um soldado romano da guarda de Diocleciano que teria se recusado a perseguir cristãos no século IV e acabou sendo morto por causa disso. Sua vida é envolta em lendas, como a de que teria matado um dragão. Como ele teria vivido antes da separação das igrejas cristãs, é venerado não só na Igreja Católica, como também na Igreja Anglicana e na Igreja Ortodoxa.
Fonte: Agência Brasil