Com status de uma das grandes revelações da base, meia brinca com as comparações com revolucionários e assume ter procurado saber as histórias de Karl Marx e Lenin: “Nada a ver comigo”
Muitos já leram sobre Karl Marx e Vladimir Lenin, revolucionários comunistas históricos, que deixaram legado para a sociedade. O personagem que poucos ainda conhecem é a fusão do filósofo alemão com o líder russo. Marx Lenin dos Santos Gonçalves carrega a história na certidão de nascimento, mas escreve o próprio destino em um campo completamente diferente.
Aos 17 anos, o garoto é uma promessa da base do Flamengo. O nome, como de se esperar, é uma homenagem, mas não aos famosos revolucionários, mas sim ao pai, “Seu Marques”.
– É uma história bastante complicada (risos). Minha mãe gostou dos nomes, mas não sabia os significados. Agora que todo mundo fala do nome, é uma coisa muito engraçada (risos). Aí me perguntam se eu conheço eles, mas minha mãe realmente não sabia. Ela falou para mim que queria um “Marques” diferente. O do meu pai é o normal. O médico foi dando vários estilos diferentes, ela gostou desse, com “X”. Aí todo mundo falando, né, procurei quem eram os caras. E eles não tem nada a ver comigo, tudo barbudo (risos). O Lenin então… – brincou o garoto.
Política? Tô fora!
De esquerda, só a batida na bola. Com sorriso, Marx Lenin conversou com a reportagem do GloboEsporte.com no Ninho do Urubu e logo adiantou: não se interessa por política. Quando a pergunta foi sobre em quem votar em 2018, o garoto nem mesmo se preocupou com os candidatos.
– Não acompanho nada de política, só penso mesmo em jogar bola. Política deixo para a minha mãe. Vou esperar fazer 18 anos para votar, tirar meu título tranquilo. Nem penso em candidato para votar.
Fenômeno nas redes
O nome, é claro, não passou despercebido nas redes sociais. Mesmo sem os holofotes de um profissional, o garoto chama atenção pela bola e pelos apelidos. São várias as brincadeiras dos amigos e torcedores – do Flamengo ou rivais. O jeito é aceitar e tirar proveito.
– Tenho que aguentar zoação demais, cara. Falaram que eu era comunista, e eu nem sei o que é isso praticamente. E tenho que entrar na brincadeira, porque se eu não entrar fica um clima chato. Estou sempre me divertindo com os comentários. É sempre bom quando uma pessoa fala de você, te observa. É interessante me destacar por isso também.
Nos passos de Vinicius Junior
O objetivo da promessa do Flamengo é bem diferente dos de Karl Marx e Vladimir Lenin. Os seguidores que o garoto planeja ter são torcedores, o palco o estádio e alegria é com a bola no pé. Na base, de acordo com profissionais da comissão técnica, é “o mais diferente dos garotos revelados”.
O desafio em 2017, no entanto, esteve longe dos gramados. Com problemas disciplinares, chegou a ser afastado do grupo sub-17. Segundo Marx Lenin, o apoio dos companheiros foi importante e o pensamento agora é estar entre os melhores.
– Passei por muita necessidade, todo mundo sabe aqui. Foram muitos altos e baixos no ano. O mais difícil foi os treinamentos. Tinha dia que eu estava mal. Os companheiros sempre me levantavam, mas parecia que eu não queria nada. Quando coloquei minha cabeça no lugar fui bastante feliz. Fui feliz por terminar o ano bem, com gol e ajudando a equipe a fechar com título. Hoje só penso lá no profissional, com a cabeça lá na frente.
Em novembro, o garoto, que já esteve ao lado de Vinicius Junior e Lincoln, terminou a temporada com o título estadual, com duas vitórias diante do Botafogo. Na conta do meia, fã de pagode e com gingado no gramado, teve gol, assistência e muita expectativa para o futuro no clube.
– (O que mais gostei de fazer) foi o gol! Sempre bom fazer um, né? Eu sou assim, brinco com todo mundo, faço a alegria do grupo. Sempre sorrindo, não tem dia ruim comigo.
Fonte: Globo Esporte.com