Vale põe réu do caso Mariana para negociar com governo federal sobre Brumadinho

BRASÍLIA – Destacado como um dos interlocutores da Vale para discutir com o governo a tragédia de Brumadinho (MG) causada pelo rompimento de uma barragem da mineradora, o executivo Gerard Peter Poppinga é um dos réus no processo que apura a queda da barragem de Mariana, que também pertencia à empresa. Poppinga responde por homicídio triplamente qualificado com outros 18 réus por envolvimento no desastre que culminou em 19 mortos em 2015.

Diretor-executivo de Ferrosos e Carvão da Vale, Poppinga participou de reunião com o presidente da Vale Fábio Schvartsman e o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque nessa terça para tratar de questões sobre Brumadinho. O executivo foi um dos responsáveis por elaborar a proposta que a Vale apresentou ao governo relativa ao encerramento de atividades de todas as barragens de rejeitos de mineração do modelo a montante, o mesmo que desabou em Brumadinho e Mariana.

No fim do ano passado, a defesa de Poppinga entrou com um habeas corpus junto ao Tribunal Federal Regional da 1ª. Região (TRF-1) para que ele não fosse julgado pelo crime de homicídio doloso, ou seja, aquele com intenção de matar. Assim como outros réus do caso, os advogados do executivo defendem que ele responda pelos crimes de desabamento seguido de morte. A justiça ainda não decidiu sobre o pedido.

Em 2015, Poppinga, que era conselheiro da Samarco — empresa denunciada pelo rompimento da barragem de Mariana e que tem a Vale como acionista — chegou a ter o passaporte apreendido. Na ocasião, ele era um dos conselheiros da Samarco. Procurada, a defesa de Poppinga não quis se manifestar.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da empresa e aguarda um retorno.

Fonte: O Globo