Quando Valdir Correia (o Garotinho), me aceitou como membro da Rádio Difusora, cheguei a uma equipe esportiva LÍDER DE AUDIÊNCIA. Éramos ouvidos em todo o Amazonas.
Olha só este time: Carlos Carvalho, Airton Brito, Nicolau Libório, João Braga, José Almeida (Pequeno Valente), J. Nunes, Orlando Rebelo (o comentarista mais ouvido da Amazônia) e eu.
Naqueles anos, o futebol brilhava como o evento mais ouvido na região. Colocávamos no Vivaldão (Arena da Amazônia Vivaldo Lima) e na Colina (deteriorada pelo tempo), uma média extraordinária de público.
Além das transmissões dos jogos, tínhamos a resenha esportiva, sempre às 12 horas.
A rivalidade era tão grande, que quem era “RIONEGRINO” não usava nada com azul. O mesmo ocorria com o “NACIONALINO”, que não vestia nada com preto.
Existiam locais especiais dentro do Vivaldão. A torcida do Rio Negro ocupava o lado da Constantino Nery e a do Nacional o lado do VIVALDINHO (hoje Sambódromo).
Sim. Naquele tempo existia um campo com dimensões oficiais, para os jogos amadores e os das categorias de base.
Os jogos viravam os principais comentários na cidade. Nossos clubes tinham jogadores de categoria nacional e os jogos eram maravilhosos. Respirávamos FUTEBOL.
Para manter a audiência era necessário muito trabalho. Pois, além da Difusora, a Rádio Rio Mar, a Rádio Baré e a iniciante Rádio Tropical FM, todas buscavam um lugar de destaque no coração do torcedor.
O Chefe da nossa equipe, Valdir Correia, resolveu criar dois personagens para apimentar as transmissões.
Como os grandes rivais à época eram Rio Negro e Nacional, ficou acertado: eu seria o repórter do Nacional e o José Almeida o do Rio Negro. Foi montado um esquema, para que essa rivalidade fosse passada ao ouvinte.
Criei o slogan, que usava ao entrar no ar: “UM BEIJO E UM QUEIJO. UM SORISSO E UM ABRAÇO, PARA VOCÊ TORCEDOR NO NAÇA, QUE VENCE NO FUTEBOL E NA RAÇA”.
Por isso, muitos torcedores de outros clubes não simpatizavam comigo, visto que, não sabiam que era tudo armação. Para aumentar ainda mais a rivalidade, o Valdir criava um clima, enquanto falávamos dos outros times durante a resenha.
O Valdir narrava, que o José Almeida e eu, ficávamos em lugares diferente no estúdio, pois vivíamos brigando. Éramos quase sempre, os últimos a entrar no estúdio.
Devo lembrar, que havia um repórter específico para cada clube.
Esse clima de desavenças era passado às ruas e, no estádio não era diferente, ficávamos separados, fomentando a rivalidade. Era a grande festa do Rádio e do Futebol.
Com o passar do tempo o clima ficou tão pesado, que o Valdir inverteu as posições. Passei a acompanhar o cotidiano do Rio Negro e o José Almeida o do Nacional.
A “fantasia” da separação acabou em um jogo do Campeonato Brasileiro.
O Nacional vencia ao Palmeiras no Vivaldão. Neste jogo, o “Pequeno Valente” cobria o Palmeiras e eu o Nacional: jogo tenso.
À época, nossos microfones de dentro do campo tinham longos fios. Em determinado momento, o José Almeida correu até o mesário para obter uma informação.
Os jogadores do Palmeiras, sentados na área externa do banco de reservas (antigamente era um pequeno fosso) e estavam pisando no fio. O José Almeida correndo em direção à mesa, sacudiu o fio para liberá-lo.
Os jogadores do Palmeiras viram e tiraram os pés de cima do fio, menos o goleiro reserva VELOSO, que foi atingido no rosto pelo fio. Veloso e outros jogadores partiram para cima do “Pequeno Valente”.
Valdir gritou na comunicação interna: – Dudu vai lá com o José Almeida, que ele está com problemas.
Meus irmãos e eu, éramos praticantes de Karatê, conhecidos na cidade.
Assim sendo, consegui impedir, junto com outras pessoas, a agressão ao “Pequeno Valente”. O Veloso além de expulso, foi levado preso à delegacia.
Com o Vivaldão lotado acompanhando o ocorrido, todos perceberam que éramos uma equipe só: SEM BRIGAS.
Após o jogo, tivemos outros incidentes, que já comentei em um artigo anterior.
Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii!
*Eduardo Dudu Monteiro de Paula é jornalista (UFAM), radialista (Pos-Graduado – Universidade do Tennesse, Estados Unidos), Universidade Anchieta (SP), Instituto Eanderley Luxembrugo. Como jornalista esteve presente em 2 olimpíadas, 8 Universidade’s, 2 mundiais de atletismo, diretor da AIPS (Associação Mundial de Jornalistas Esportivos).
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