Trump acusa governo anterior por más condições em centros de detenção de imigrantes

WASHINGTON — Acusado de manter crianças imigrantes em centros de detenção por semanas sem comida suficiente, assistência médica ou mesmo suprimentos básicos de higiene, como sabão ou pasta de dente,  o presidente americano, Donald Trump, culpou o governo anterior pelas péssimas condições nas instalações.

— Isso vem acontecendo muito antes de eu chegar aqui —  disse Trump em uma entrevista à rede NBC. —  No governo do presidente Obama havia separação. Fui eu quem acabou com isso. Agora eu disse uma coisa: quando terminei com aquilo, eu disse: sabe o que vai acontecer? Mais famílias vão aparecer. E foi o que aconteceu.

Um dia antes da entrada em vigor de uma operação de deportação em massa, programada para este domingo, Trump anunciou seu adiamento por duas semanas. Apesar disso, alertou que as batidas podem voltar a acontecer caso o Congresso não encontre uma solução para a fronteira do México com os Estados Unidos.

“A pedido dos Democratas, atrasei por duas semanas a operação para o Processo de Remoção (Deportation) de Imigrantes Ilegais para ver se Democratas e Republicanos podem se unir e trabalhar juntos para uma solução para os problemas de asilo e porosidade na Fronteira Sul. Caso contrário, as Deportações vão começar”, escreveu o presidente.

Há cerca de dez dias, México e Estados Unidos assinaram um acordo migratório para deter as pessoas que tentam chegar aos EUA pela fronteira sul, vindas da América Central e passando pelo território mexicano. Mesmo assim, na véspera do lançamento oficial da campanha de reeleição do republicano, no último dia 17, Trump prometeu deportar milhões de imigrantes ilegais que vivem no país.

No sábado, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, principal democrata no Congresso, tinha pedido a líderes religiosos para pressionarem Trump para cancelar as deportações.

Em comunicado, Pelosy afirmou que as deportações poderiam “injetar terror em nossas comunidades” e pretendiam destruir famílias, e instou líderes religiosos a transmitirem a Trump o “valor dos programas de reassentamento de refugiados”.

Segundo  a CNN, o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês)  preparava uma ação para deter e deportar cerca de 2 mil famílias imigrantes em dez cidades que possuam ordens de remoção emitidas em corte.

“As pessoas procuradas pelo ICE já tiveram decretada a sua deportação. Isso significa que elas estão eludindo a lei e os tribunais. Essas pessoas já deveriam estar de volta aos seus países. Elas desrespeitaram a lei ao virem para o país e desrespeitam quando permaneceram aqui”, disse Trump no Twitter.

Como parte do acordo com os Estados Unidos, que vem sendo criticado internamente , o México também se comprometeu a enviar 6 mil membros da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala. O país vem acelerando desde abril a deportação de centro-americanos que entram no país rumo aos Estados Unidos. Em maio, mais de 132 mil pessoas foram detidas enquanto tentavam cruzar a fronteira americana, o maior número mensal desde 2006.

Mesmo assim, Trump cumpriu outra promessa e anunciou na semana passada o corte permanente de centenas de milhões de dólares de ajuda destinados a El Salvador, Guatemala e Honduras — o chamado Triângulo Norte da América Central, uma das regiões mais violentas do mundo, e origem de dezenas de milhares de imigrantes que tentam cruzar a fronteira americana.

Fonte: O Globo