Palco de grandes sobrados, residências dos barões da borracha, de políticos e comerciantes de visão, além de igrejas, praças e sedes dos poderes, o rico acervo arquitetônico do centro histórico da capital amazonense é um capítulo à parte no “#SouManaus Passo a Paço 2023”, realizado pela Prefeitura de Manaus, em uma área tombada pelo patrimônio por ser um exemplar singular de urbanismo e arquitetura nacionais, que representam um recorte da história da cidade.
Se na Amazônia, a Belle Époque significou a euforia do triunfo da burguesia no final do século 19, dois séculos depois a prefeitura atua intensamente na revitalização do Centro, onde, hoje, acontece o festival, levando milhares de pessoas a conviver, viver e ter, ainda, outras milhares de experiências neste lugar, que pertence a todos.
Manaus é uma das sete capitais do Brasil que estão apostando na reabilitação do seu centro antigo para devolver vida e ebulição ao local, que tem farta infraestrutura e oferta de transporte e serviços. O plano urbanístico da prefeitura foi lançado em 2021 e conta com obras em construção, do programa “Nosso Centro”, que serão inauguradas em dezembro deste ano pelo prefeito David Almeida.
Na área do complexo, há um patrimônio edificado e arqueológico fantástico, além dos bens tombados. “Eventos como o #SouManaus são de suma importância para o processo de revitalização da área e possibilitam que as pessoas, que não costumam ter esse espaço como parte do seu cotidiano, ou não costumam circular por essas áreas, possam ver a importância e toda a exuberância do patrimônio cultural e edificado, o próprio conjunto tombado, que dá essa unidade para a cidade”, destacou o coordenador técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Amazonas, arquiteto e urbanista Rafael Azevedo, que foi conferir o evento, a circulação e shows.
Para ele, a importância do festival reproduz as estratégias do programa municipal “Nosso Centro”, de ter mais vida, mais negócios e mais história. “E que isso ocorra mais vezes, não só em eventos, como o próprio #SouManaus, que tem uma escala adequada para a praça e no porto onde se reúnem os grandes shows, mas de possibilitar intervenções constantes para ocupar. Que as pessoas possam ter isso em outras datas e possam visitar esses espaços”, comentou.
O arquiteto lembrou, ainda, de que apenas no #SouManaus a população consegue ter acesso à área do porto, que é fechada, mas que, no festival, permite acesso às ruas internas, aos galpões e até mesmo ver a estrutura da Casa do Tesouro. “E principalmente esse que é o nosso principal patrimônio, do ponto de vista natural, que é o rio Negro, a relação que a cidade tem com o rio, poder estar junto deste espelho d’água, no entorno, é uma oportunidade fantástica que o evento permite. E está alinhado com o programa ‘Nosso Centro'”, disse Azevedo.
A grande área de intervenção onde acontece o #SouManaus fica em território com tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos, como o Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro 2°, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.
“O #SouManaus traz as pessoas para viverem o Centro, para essa relação de afeto com a região, de importante memória e vivências nesses edifícios históricos que carregam cultura, histórias e singularidades do tempo. Como arquitetos e urbanistas, é nosso papel desenhar estes espaços e caminhos de transformações para a sua reabilitação”, disse a também arquiteta e urbanista Melissa Toledo.
Fonte: Semcom
Fotos: Aguilar Abecassis/Semcom