A ocorrência de densa nuvem de fumaça que tem dominado o ar da capital do Amazonas e cidades da Região Metropolitana de Manaus (RMM) foi debatida pelos deputados, nesta quinta-feira (28), na Assembleia Legislativa do Amazonas.
Os parlamentares sugeriram que as verbas anunciadas pelo Governo Federal para dragagem dos rios Solimões e Amazonas sejam divididas para ajuda humanitária às comunidades afetadas pela vazante.
Os deputados Wilker Barreto (Cidadania) e João Luiz (Republicanos) trouxeram o tema ao Plenário Ruy Araújo, falando que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a fumaça tem origem nas queimadas realizadas nas áreas de matas de Manaus e em cidades do interior, entre Autazes (distante 113 quilômetros da capital), Novo Airão (115 quilômetros ) e Iranduba (27 quilômetros), que contabilizam 58 ocorrências apenas nessas áreas.
“Ainda não tinha visto nada igual”, falou o deputado Delegado Péricles (PL), que mostrou dados da plataforma Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), indicando que a qualidade do ar na noite da quarta-feira (27), em Manaus, estava acima de níveis considerados ruins. “Muitos pontos de queimadas no Amazonas, e o verão amazônico, com escassez de chuvas, impede que essa fumaça se dissipe“, explicou Péricles.
Os deputados Daniel Almeida (Avante), Adjuto Afonso (UB), Rozenha (PMB), Thiago Abrahim (UB), Carlinhos Bessa (PV) e Dr. George Lins (UB) também se manifestaram sobre o tema e pediram que o Executivo Estadual busque apoio junto ao Ministério do Meio Ambiente, para que sejam construídas pontes para a intensificação do combate às queimadas, que, conforme destacaram os parlamentares, acarretam problemas de saúde. “Os hospitais ficam cheios de pessoas com problemas respiratórios, devido à fumaça intensa”, disse Dr. George Lins, que é médico.
Além das queimadas, o deputado João Luiz falou sobre a seca dos rios, ressaltando a previsão que os amazonenses enfrentarão um período de vazante histórica, e as consequências que isso acarreta à navegação, que acaba isolando comunidades ribeirinhas. “Visitei comunidades do Alto e Médio Solimões, e vi que não tem mais como chegar de barco, lagoas com peixes mortos porque a água baixou demais”, falou o deputado, ao mostrar imagens da situação vivida pelas comunidades do interior.
Diante desse cenário, o deputado propôs que uma parte da verba de R$ 141 milhões, anunciada pelo Governo Federal na última terça-feira (26), para serviços de dragagem de áreas dos rios Solimões e Amazonas, visando a sequência da navegação por esses trechos dos rios, seja destinada para a aquisição de cestas básicas e água potável para os moradores do interior do estado que residem em comunidades ribeirinhas que estão isoladas em razão da seca dos rios.
Foto: Danilo Mello