A segunda edição do projeto “Do Quilombo se fez samba raiz” abre inscrições nesta quinta-feira, 19. As aulas serão gratuitas e vão acontecer no espaço do Pagode do Quilombo, localizado no bairro Praça 14 de Janeiro, em Manaus.
A iniciativa tem o objetivo de promover a construção do conhecimento musical de crianças, jovens e adultos, fortalecendo a cultura das populações negras e quilombolas que integram a comunidade tradicional.
De acordo com Andarilha da Caldo Negro Produções, produtora do projeto, a ideia é ampliar o alcance das práticas culturais para além do território da comunidade do quilombo e estimular o protagonismo dos quilombolas por meio do ensino e aprendizagem do samba raiz.
“É importante salientar que por muito tempo se questionou a relevância histórica das populações negras na Amazônia, então nosso objetivo é afirmar a contribuição dessas pessoas para a construção da identidade cultural amazônica, garantindo o direito cultural e o direito à memória” disse.
As oficinas acontecerão em 6 sábados, com início no dia 4 de novembro, mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra. No total, o projeto vai abrir inscrições para duas turmas com aulas teóricas e práticas de agogô, violão, cavaquinho, tantan, pandeiro, surdo e tamborim, que serão ministradas por 8 instrutores musicais.
Os interessados podem se inscrever a partir desta quarta-feira, de forma gratuita e on-line por meio do link https://forms.gle/UcSmhTvDGVjAd9hR6
Sobre o Projeto
‘Do Quilombo se fez samba raiz’ é um dos projetos contemplados pelo Edital Manaus Faz Cultura 2023, da Prefeitura de Manaus, e atende ao Programa de Cultura Itinerante do município.
A Inspiração para o projeto ocorreu em 2020, quando Rafaela Fonseca, diretora-geral, foi contemplada num edital da lei Aldir Blanc, com o qual realizou várias oficinas na comunidade, entre elas oficinas de percussão que foram ministradas pelos músicos do local.
A partir disso ficou o desejo de continuar compartilhando o conhecimento musical com pessoas para além da comunidade. Assim, a primeira edição do projeto aconteceu no início deste ano, com a aprovação no Manaus Faz Cultura 2022. As aulas receberam mais de 150 alunos que se inscrevem e participaram das oficinas.
Com o sucesso da primeira edição, Rafaela Fonseca com o apoio das Crioulas do Quilombo, planejou a segunda edição com o objetivo de alcançar mais pessoas que se identifiquem com o projeto. Com a aprovação, a diretora-geral acredita que a segunda edição é uma grande oportunidade tanto para quem já participou, quanto para quem tem a oportunidade de participar das aulas.
“Acredito que projetos como este sempre trazem benefícios pra dentro da comunidade. Mostrar que sempre podemos aprender e estar com os instrutores que carregam a bagagem cultural do mundo do samba e ensinam o que aprenderam é muito bom”, disse Rafaela.
Com a aplicação de leis culturais e abertura de editais a nível local e nacional, a expectativa é de que futuramente o projeto aconteça de forma anual e faça parte da programação do Quilombo.
Sobre o Quilombo
Conhecido por guardar a memória de negros amazonenses e por abrigar a herança de negros maranhenses e ex-escravizados que migraram da cidade de Alcântara, o Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito fica localizado no bairro Praça 14, Avenida Japurá, em Manaus.
Certificado pela Fundação Palmares como quilombo urbano em 2014, o território foi o segundo do Brasil a ter o reconhecimento e é referência história e cultural da negritude na capital amazonense.
Com a vinda dos maranhenses para a cidade, muitas práticas culturais foram trazidas e desenvolvidas no território amazônico e hoje compõem o quadro identitário local. Algumas manifestações foram e até hoje são transmitidas de geração em geração entre os descendentes.
Atualmente, a comunidade desenvolve programas, projetos e ações de museologia social que contribuem para o reconhecimento e valorização da memória social brasileira. Por isso, o quilombo recebeu o certificado de Ponto de Memória do Instituto Brasileiro de Museus.
Fotos: Jessica Oliveira, Andarilha.