O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu nesta quarta-feira (1º) que o sistema de controle de doping no país teve problemas, mas ressaltou que seu governo não apoiou e não esteve por detrás de nenhum dos casos.
“O sistema de exame antidoping não funcionou e isso é nossa culpa. Temos que admitir isso e dizê-lo abertamente”, afirmou o mandatário à imprensa local, durante uma reunião sobre os preparativos da Universíade de Inverno de 2019, evento multidesportivo internacional voltado a atletas universitários, que daqui a dois anos acontecerá em Krasnoyarsk, na Rússia.
“Nós devemos levar em conta o trabalho das comissões independentes e dos pedidos da Wada [a Agência Mundial Antidoping] por que é preciso reconhecer que nós tivemos casos provados de doping, e isso é inadmissível”, disse o líder russo.
“Estamos para instituir um novo sistema antidoping, responsabilidade de um organismo independente na Universidade Estatal de Moscou. Um laboratório será aparelhado de instrumentos modernos e será dotado dos melhores funcionários”, afirmou Putin.
O chefe de Estado russo também disse que espera que “com a ajuda de especialistas russos e estrangeiros seja realizado um sistema antidoping eficaz”.
“Espero que a comissão guiada por Vitaly Smirnov [ex-ministro dos Esportes e responsável por um programa para banir o doping do esporte no país] prossiga o seu monitoramento: deve-se fazer tudo o possível para que nossos atletas não enfrentem problemas de doping. E faremos tudo o possível para construir uma cooperação com os nossos interlocutores, entre os quais Wada e COI [Comitê Olímpico Internacional]”, explicou Putin.
No entanto, o mandatário voltou a deixar claro que a sua administração não tinha conhecimento do esquema de doping e que não o apoiou de maneira alguma.
“Quero dizer mais uma vez: nunca houve, e eu espero que nunca haja, algum sistema estatal para o doping. Ao contrário, haverá uma luta contra o doping”, afirmou o chefe do Kremlin.
Histórico
Segundo um estudo solicitado pela Wada e liderado pelo advogado canadense Richard McLaren, mais de mil atletas russo se beneficiaram de um esquema de doping tanto nas Olimpíadas de Inverno disputadas em Sóchi, na Rússia, em 2015, como em campeonatos mundiais e outras competições internacionais.
“Uma conspiração internacional foi implementada, com a participação do Ministério do Esporte e dos Serviços, da Agência Russa Antidoping, do laboratório de doping de Moscou e da agência secreta FSB para manipular as amostras”, acusou o relatório de McLaren.
Apesar de envolver 30 modalidades esportivas diferentes, a maior parte dos casos atingiu o atletismo. Por causa disso, mudanças foram realizadas na Federação Internacional de Atletismo (IAAF). McLaren acusou os antigos diretores da entidade de acobertar os casos.
Por causa das revelações do relatório, divulgado em duas partes, a Rússia foi parcialmente banida das Olimpíadas do Rio de Janeiro – com cada federação esportiva decidindo se liberava ou não os atletas do país. Além disso, toda a delegação paralímpica russa foi impedida de competir no Rio.
Fonte: Agência Ansa