Na capital e no interior, a Educação Indígena propõe preservar identidade e tradições dos povos
Trabalhar e incentivar a preservação de aspectos culturais, como língua, dança e costumes, em busca de valorizar a manutenção da tradição dos povos originários no Amazonas, por meio da Educação Indígena, têm feito parte das ações promovidas pelo Governo do Amazonas, por meio da rede estadual de ensino. No Dia dos Povos Indígenas, comemorado neste 19 de abril, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar destaca iniciativas que fazem a diferença na promoção da inclusão e do protagonismo originário por meio da iniciação científica na rede.
Na Escola Estadual Marechal Hermes, localizada no bairro Nova Esperança, zona oeste de Manaus, alunos dos povos Marubo e Ticuna participam da pesquisa “Pai’ni Pajé e a Gaia do Eldorado – Por uma Odisseia Ecológica Decolonial dos Povos Indígenas Amazônicos: Dissidências Interculturais e Alteridades”.
O projeto busca apresentar os principais aspectos da cultura indígena e as contribuições sociais oriundas das tradições originárias. Como metodologia, a pesquisa deu espaço à vivência dos próprios alunos indígenas e, por meio de debates, pesquisas bibliográficas, palestras e rodas de conversa, conseguiu promover a valorização da identidade multicultural dos povos indígenas na Amazônia.
“A gente aprendeu sobre a arte, a etnia, a dança, a música, as malocas [espaço onde grupos indígenas se concentram nas aldeias]. E é importante porque eu tenho orgulho de ser Marubo”, disse a aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, Lorrany Hermínio Wakick Marubo, de 13 anos, que participou do trabalho de pesquisa.
O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), teve apoio da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar e do Programa Ciência na Escola (PCE).
“Os indígenas são os maiores guardiões da nossa floresta. Esse protagonismo indígena, de pertencer a uma sociedade dentro desse contexto cultural, é importante para os alunos. Que essa seja uma luta permanente e que se amplie na nossa Amazônia”, disse o professor de História Daniel Costa de Almeida, que organizou a pesquisa junto aos alunos.
Reconhecimento identitário
Mais do que valorizar a própria cultura, estudantes indígenas se propõem a reconhecer a importância de reconhecer a pluralidade cultural do país e promover lideranças representativas nas aldeias onde habitam.
Com base nesses objetivos, a Escola Estadual Indígena Almirante Tamandaré, localizada na Aldeia Indígena do Umariaçú, em Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus), realiza pesquisa sobre ética e cidadania na formação política e filosófica, com o objetivo de estimular os estudantes à vivência cidadã.
“O objetivo maior é fazer com que tenhamos fortes lideranças nessa reserva da aldeia indígena, da juventude que aqui está, para que por meio dessas lideranças, possa pensar no amanhã, em políticas públicas que possam atender seu povo”, disse o professor autor do projeto, Lizandro Barbosa da Silva.
Na mesma escola, em Tabatinga, também são desenvolvidas atividades transversais de reconhecimento identitário do povo indígena Ticuna, que compõe a maior parte do território. Para o estudante Gilson Gilvan Coelho, 17, as atividades contribuem para o empoderamento indígena.
“O projeto em que eu participei fez com que os alunos não se esquecessem da própria cultura, que é para que eles possam valorizar a importância do indígena na escola, porque a cultura indígena é única, não podemos esquecer, porque sem a nossa cultura não somos reconhecidos”, disse Gilvan.
Fotos: Euzivaldo Queiroz/Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar