Iniciativa tem como foco estimular capacidades dos jovens e possibilitar a entrada no mercado de trabalho
Adolescentes do sistema socioeducativo da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), começaram, nesta semana, a ter aulas de Ensino a Distância (EAD) pelo “Projeto Gente Grande”. A ação envolve atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Associação “O Pequeno Nazareno”, entidade criada há 5 anos em Manaus. A iniciativa tem o objetivo de estimular as capacidades dos jovens por meio da cidadania, convivência e formação, além de possibilitar a entrada no mercado de trabalho.
As aulas começaram na segunda-feira (1º) em três espaços dirigidos pela Sejusc: Centro Socioeducativo Senador Raimundo Parente, Centro Socioeducativo Assistente Social Dagmar Feitosa e Centro Socioeducativo de Internação Feminina. As transmissões, gravadas por profissionais da associação “O Pequeno Nazareno” e repassadas pela Sejusc aos adolescentes, seguem um cronograma de quatro aulas por semana. Ao todo, participam 24 jovens dos centros administrados pela Sejusc. Eles possuem de 13 a 18 anos, sendo 18 meninas e seis meninos.
As atividades do “Projeto Gente Grande” são ofertadas em quatro ciclos, sendo um por mês, abordando temas de Desenvolvimento Social, Pedagógico, Pessoal e Tecnológico. Dentro de cada área, os alunos exercitam uma série de habilidades como escrita, leitura, interpretação de texto, raciocínio lógico, ética, valores, protagonismo juvenil, empreendedorismo, liderança e marketing pessoal. Além disso, na área profissional, os jovens aprendem conceitos administrativos, lei de aprendizagem, noções básicas de informática, entre outros.
Todos os internos integrantes do projeto recebem uma apostila para acompanhar o conteúdo online, com duração de uma hora e preparado em uma linguagem acessível e de fácil compreensão, tendo em vista que a idade de vários adolescentes não é equivalente ao grau de escolaridade. Ao final do curso, previsto para encerrar em dezembro, os adolescentes recebem um certificado de participação no “Projeto Gente Grande”.
De acordo com a secretária executiva dos Direitos da Criança e do Adolescente da Sejusc, Edmara Castro, a parceria entre os órgãos é mais uma iniciativa que beneficia os jovens do sistema socioeducativo, cumprindo as diretrizes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). Vale ressaltar que as adaptações foram adotadas por medidas de segurança neste período de pandemia, visando diminuir os riscos de contaminação do coronavírus.
“Nós temos conhecimento que os índices de reincidência dos adolescentes em conflito com a lei se dá muito pela falta de oportunidades. Então a maioria desses jovens não têm oportunidades de estudo, trabalho, saúde e educação, então o sistema socioeducativo vem trazer essas oportunidades para quando o adolescente terminar de cumprir a sua medida, ele tenha uma série de oportunidades principalmente na parte de trabalho”, destacou.
Medidas de segurança – As aulas EAD do “Projeto Gente Grande” é mais uma determinação do Governo do Estado voltada ao sistema socioeducativo neste período de pandemia. Com a interrupção de visitas de parentes devido o coronavírus, os adolescentes dos centros socioeducativos passaram a realizar videochamadas desde abril. As ligações são acompanhadas por um psicólogo ou assistente social e têm o objetivo de fortalecer o vínculo dos jovens com os familiares.
Além disso, os novatos que chegam aos centros para cumprimento de medidas socioeducativas precisam tomar banho com água e sabonete por 10 minutos. Após isso, um técnico de saúde realiza a investigação por meio do protocolo de avaliação específica do Covid-19. Na existência ou não de sintomas característicos, o adolescente é orientado para isolamento interno de 15 dias, sendo também informado sobre a importância da lavagem das mãos, uso de álcool em gel 70%, entre outros.
Sobre o sistema – Atualmente, o sistema possui 84 adolescentes privados de liberdade. A Sejusc administra os cinco Centros Socioeducativos do Amazonas, que têm por finalidade promover o cumprimento da medida socioeducativa de internação, com a fiel observância ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e às diretrizes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). Incumbe aos dirigentes e servidores dos centros zelar pela integridade física e mental dos adolescentes e adotar as medidas adequadas de educação, contenção e segurança.