Programa “Educando pela Cultura” realiza roda de conversa para debater o racismo

A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), por meio do programa Educando pela Cultura da Escola do Legislativo Senador José Lindoso, realizou, nesta quinta-feira (12), no hall de entrada Homero de Miranda Leão, uma roda de conversa e apresentações culturais sobre racismo e escassez de políticas públicas para população negra.

O evento teve como pano de fundo as celebrações do dia 13 de maio, data em que foi assinada a Lei Áurea, em 1888, abolindo a escravidão no Brasil. A coordenadora do programa, Jacy Braga, explicou que atualmente os movimentos sociais resignificaram a data, buscando promover uma reflexão sobre o racismo. “A Lei Áurea apenas libertou a população preta escravizada, mas não foram criadas políticas públicas de inclusão para essas pessoas, e isso impacta até os dias atuais”, explicou Braga.

O coral Musicarte, formado com os alunos do Centro de Educação de Tempo Integral Áurea Pinheiro Braga, localizado no bairro Compensa, zona Oeste de Manaus, abriu o encontro com apresentação de músicas populares que retratam o papel do negro na sociedade ou o preconceito. Em seguida, foi a vez dos alunos do programa Cidadão, desenvolvido pela Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) junto ao Colégio Militar da Polícia Militar (CMPM-7), de realizarem uma apresentação de capoeira.

Os professores Luciana Santos, Nilton Teixeira e Lídia Helena Oliveira falaram sobre várias formas de racismo, como racismo institucional, estrutural e religioso, e ainda a baixa ocupação de cargos públicos por mulheres, especialmente as mulheres negras. A professora Luciana chamou atenção ao fato de que, historicamente, no Brasil é um problema a mulher ocupar cargos de poder. “Isso se reflete na política, por exemplo, com as mulheres ocupando uma parcela mínima de cargos políticos”, destacou.

A intolerância religiosa com as religiões de matriz africana foi tratada pelo Babalorixá Abner Rodrigues. O sacerdote falou que os ataques e discursos de ódio contra as religiões de matriz africana fazem parte da perseguição a tudo que diz respeito ao processo civilizatório brasileiro, e isso gerou essa “cultura” de discriminação contra essas religiões. “Os terreiros são instituições religiosas, não são casas de maldade”, disse, explicando que no estado existem apenas onze terreiros regulamentados, com certidões e demais documentações exigidas pelos órgãos públicos, porém, mais de dez mil terreiros são conhecidos em todo o Amazonas, e isso mostra a força da religião.