Filmado na área ribeirinha de Manaus, o curta-metragem “Wara’ná” teve sua estreia neste domingo, 22/10, em meio à comunidade indígena Tatuyo, que integra a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé. Pelo menos, nove famílias de várias etnias se uniram na grande maloca para prestigiar a avant-première do filme baseado na lenda do guaraná.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto e a primeira-dama Elisabeth Valeiko, juntamente com o vice-prefeito Marcos Rotta e sua esposa Tecla Caddah, foram convidados para participar da sessão e puderam vivenciar a experiência única de ver os indígenas assistirem ao cinema pela primeira vez, ao mesmo tempo em que eles também se viam na telona.
“Nós também nos vimos na projeção, porque nela estava representada a origem do nosso povo. Manaus vai completar 348 anos de descobrimento pós-cabralino, mas possui mais de 10 mil anos de história indígena. É isso, somado às nossas belezas naturais, que faz de Manaus uma Meca do turismo internacional e, por isso, valorizamos a nossa história. Uma cidade só se desenvolve de verdade se aprende a preservar sua origem”, declarou o prefeito, destacando o comprometimento da produção com a valorização da cultura indígena.
O filme foi dirigido pelo jovem cineasta carioca Cristian Monassa, de apenas 22 anos, que se encantou pela história do guaraná no ano passado, durante viagem pela região. As cenas foram rodadas em março, durante cinco dias na comunidade Tatuyo. “Para mim e para minha equipe foi uma das melhores experiências das nossas vidas. Foi algo muito forte e uma lição. Tivemos o reencontro com valores como humildade e respeito com a mãe natureza”, afirmou.
Ainda segundo Cristian, o curta será exibido nos grandes festivais de cinema nacionais e internacionais. “A gente já pensa em voltar a Manaus. Desta vez para gravar um longa-metragem. A nossa expectativa é a melhor possível, porque essa, realmente, é uma oportunidade incrível”, reforçou o cineasta.
A aldeia dos Tatuyos está localizada a, aproximadamente, 40 minutos da capital, por via fluvial, e reúne as etnias dos Tatuyos, Tucanos, Uananos, Cubeuas, Curipacos, Dessanos, Tuiúcas, Piratapuias, Arapaços e Tarianos. “Nós estamos representando os 26 povos diferentes do Alto Rio Negro e estamos muito felizes por receber essa exibição. É a primeira vez que temos isso na nossa comunidade”, disse o cacique Yhepassone. “Nós pudemos mostrar a realidade da cultura indígena, que somos bem educados e civilizados, mas que fazemos questão de manter viva a nossa tradição. Isso agora poderá ser visto por todos”, completou o cacique Pinó, falando ainda do comprometimento da equipe com a tribo.
O filme Wara’na é uma tradução livre da história que conta a origem do fruto do guaraná e mistura os personagens das lendas de “Curumim” e “Ceraceporanga”, que vivem uma grande história de amor proibida, pois pertencem a tribos inimigas (os Sarteré Mawés e Mundurucus).
Fonte: Semcom