Prefeitura restaura mosaico do brasão de Manaus no futuro Centro de Arqueologia da cidade

Construção

com características marcantes da arquitetura tropical neoclássica colonial, o

antigo prédio da Câmara Municipal, na avenida Sete de Setembro, no Centro, após

sua requalificação e restauração, vai exibir aos amazonenses e turistas uma

peça esquecida pelo tempo: um mosaico do brasão de Manaus que está sendo

recuperado.

O prédio, que ficou abandonado por uma década, hoje passa por

intervenção assinada pela prefeitura, com recursos próprios, para se tornar o

Centro de Arqueologia da capital.

“É

algo que emociona, ver a história de Manaus ressurgir, ver o nosso centro histórico

se tornar uma realidade e voltar a fazer parte do convívio do povo manauara.

Eu, realmente, tenho um sentimento especial pelo projeto ‘Manaus Histórica’ e,

para mim, é uma honra ser o prefeito a realizar esse resgate”, disse o prefeito

Arthur Virgílio Neto.

Iniciada

em julho de 2019, a revitalização da antiga Câmara está com 95% dos serviços concluídos

e, nos últimos dois meses, uma parte da equipe responsável pelo restauro, sob

coordenação do engenheiro civil Genésio Neto, da Biapó, se dedica a recompor o

mosaico do brasão, pastilha a pastilha.

É

no patamar da escada principal de acesso à antiga sede do Poder Legislativo

municipal, no pavimento térreo, que o brasão está localizado. Após reformas no

imóvel, que sofreu uma intervenção indevida, o símbolo de Manaus foi coberto

com piso korodur e parte de suas peças foram perdidas.

“Parte

do mosaico estava danificado, coberto com outro piso. Fizemos a remoção,

higienização e limpeza para trabalhamos na recomposição, usando materiais novos

para diferenciar o original da intervenção. O objetivo é chegar o mais próximo

possível da leitura do brasão existente anteriormente”, explicou Genésio.

Passado e presente

O

trabalho delicado de restauro e reconstituição do mosaico envolve resgate do

desenho original do brasão de Manaus, que está sendo montado com aplicação de

pastilhas de tonalidades similares e tons aproximados, fazendo um verdadeiro

fluxo entre o passado e o presente, uma vez que o símbolo também foi adotado

como marca oficial da Prefeitura de Manaus.

A

recomposição do mosaico do brasão é feita com pastilhas de peças de cerâmica de

várias cores e em tons pastéis. Aproximadamente 30% do original foi recuperado.

“Fazemos desenho com papel manteiga, que depois é espelhado em folha de

acrílico e colocado no mosaico para a montagem das pastilhas. Quando estiver

concluído, ao se olhar o mosaico, a sensação será de que houve a intervenção,

por causa da mudança de cores. Não é uma réplica”, destacou o engenheiro civil

da Biapó, empresa vencedora da licitação para executar da obra.

Durante

os trabalhos no local, foi encontrado um segundo mosaico, no patamar da entrada

da escadaria pela avenida Sete de Setembro, que tem um desenho em forma de

mandala com estrela. A peça também será restaurada e reconstituída com

pastilhas.

Marcas da história

Os

trabalhos de restauro do prédio da antiga Câmara Municipal vão dar lugar ao

futuro Centro de Arqueologia de Manaus. As intervenções no prédio poderão ser

vistas pela população em diversos pontos, como prova do registro de que o

imóvel passou por mudanças durante sua longa existência. O Centro de

Arqueologia, conforme Portaria n° 196/2016, será uma instituição de guarda,

atendendo ao trinômio pesquisa, conservação e socialização.

Em

um dos salões do prédio, com suas pedras de arenito Manaus – a famosa pedra

jacaré de tom vermelho ferroso – alguns vãos foram fechados com tijolos

ecológicos para deixar visível a reforma. “Os tijolos fecham vãos de outras

reformas nas paredes aparentes com pedra jacaré e tijolos antigos. No passado,

era comum fazer os arcos e passagens de portas com os tijolos em meio às

pedras, para facilitar o acabamento”, contou o engenheiro Genésio. As pedras

jacarés expostas receberão tratamento com resina.

Nas

escadas, as pedras breccia carbonática serão limpas, as partes faltantes serão

recompostas e também será aplicado resina para proteger e estancar a

degradação.

A

edificação começou a ser construída no início da década de 1880, para receber o

escritório da Companhia de Navegação da Amazônia, de propriedade do Barão de

Mauá. A companhia foi passada à capital e, posteriormente, o prédio, ainda

inconcluso, foi vendido à Câmara Municipal.