A Prefeitura de Manaus conquistou o prêmio “Malaria Champions – Campeões contra a Malária nas Américas 2023”, pelas iniciativas implementadas pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) no enfrentamento à doença na capital amazonense.
O anúncio foi feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), na tarde da última sexta-feira, 3/11, em Washington D.C., nos Estados Unidos. Os vencedores foram revelados durante cerimônia de premiação e celebração pelo Dia da Malária nas Américas, que ocorre em 6 de novembro.
Além de Manaus, campeã pela vigilância intensificada para interromper a transmissão da malária do tipo falciparum, foram premiados, em outras quatro categorias, a República Dominicana, Belize, Suriname e o estado mexicano de Quintana Roo. De acordo com a Opas, os cinco vencedores foram reconhecidos por suas ações sustentáveis para eliminar a malária na região das Américas.
O prefeito David Almeida comemorou o resultado e destacou a importância da sustentabilidade das ações para o controle da malária na capital. “Sabemos que a doença é endêmica na região amazônica e o papel da gestão pública é garantir que todos os esforços sejam feitos para combater a malária de modo permanente e garantir que a vigilância não seja interrompida”.
A malária integra a lista de 30 doenças inseridas na Iniciativa de Eliminação de Doenças Transmissíveis 2030, da Opas. Causada por parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos ao ser humano pela picada da fêmea infectada de mosquitos do gênero Anopheles, a doença afeta predominantemente áreas tropicais, como a África subsaariana e as Américas.
Ao parabenizar a equipe técnica responsável pelas ações locais de controle da malária, a secretária municipal de Saúde, médica Shádia Fraxe, disse que o prêmio da Opas é o reconhecimento pelo trabalho de excelência que vem sendo feito em Manaus, particularmente nas zonas Norte, Leste, Oeste e Rural, onde a transmissão é prevalente em razão das condições ambientais, em especial a existência de áreas de floresta e água, necessárias à vida e reprodução do mosquito vetor, e a presença de pessoas residindo no entorno.
“Eliminar a malária segue como um dos grandes desafios da Saúde e o prêmio da Opas vem justamente reconhecer e incentivar iniciativas bem-sucedidas que contribuam para eliminar a doença que, no Brasil, está concentrada nos estados amazônicos. Estamos honrados com o prêmio e seguimos trabalhando para conter a transmissão tanto da malária por Plasmodium falciparum, tipo menos comum embora mais grave, quanto da malária por Plasmodium vivax, que responde pela maior parte dos casos em nossa região”, enfatizou Shádia.
O Malaria Champions, que desde 2009 já premiou mais de 40 projetos desenvolvidos nas Américas, é um esforço de colaboração com a Fundação das Nações Unidas, Escola de Saúde Pública do Instituto Miken da Universidade George Washington, Centro de Programas de Comunicação da Universidade Johns Hopkins, Universidade Internacional da Flórida e Sociedade de Medicina Tropical e Saúde.
Iniciativa de sucesso
Com o título “Vigilância e Controle da Malária por P. falciparum no município de Manaus – Protocolo e Procedimentos Adotados: Experiência Exitosa na Redução de Caso Rumo à Eliminação”, a iniciativa de Manaus foi submetida à avaliação da Opas pela gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Agravos por Vetores da Semsa, enfermeira Alinne de Paula Rodrigues Antolini.
Além de texto e dados descrevendo o trabalho realizado e seus impactos na redução, o município enviou um vídeo apresentando a rotina dos agentes de controle de endemias e todas as etapas de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença na capital.
A gerente, que é mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, explica que a secretaria, via Núcleo de Controle da Malária, vinculado à Diretoria de Vigilância Ambiental e Epidemiológica, implantou, em 2015, junto aos distritos de saúde, orientações e estratégias de detecção de malária por plasmodium falciparum no município, com rigorosa investigação e acompanhamento dos casos detectados.
“A partir daí o município conseguiu, gradativamente, reduzir e conter a disseminação dessa forma parasitária, zerando os casos de malária por P. falciparum em 2021, embora tenham ocorrido novos casos em 2022”, informa Alinne, acentuando que a capital está em uma região com condições climáticas e ambientais propícias à proliferação do vetor, estando, por isso, receptiva e vulnerável à transmissão da doença.
Alinne acrescenta que a ocorrência da malária é influenciada por diversos fatores, externos ao setor saúde, como características e formas de ocupação da região, modalidades de exploração dos recursos naturais, mobilidade populacional sofrendo também pressão epidemiológica de outros municípios, que geram considerável número de casos importados ou introduzidos a partir de casos importados.
De acordo com dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (Sivep-Malária), o ano de 2013 foi o último com maior registro de casos por P. falciparum, em Manaus, tendo 189 casos notificados.
O mesmo sistema aponta que nos últimos 10 anos, entre 2013 e 2022, Manaus registrou o total de 65.879 casos de malária, dos quais 463 de malária do tipo falciparum. O ano com a maior ocorrência total foi 2017, quando foram notificados 10,5 mil casos da doença, sendo apenas 21 por P. falciparum.
Manaus possui 81 laboratórios para diagnóstico de malária e 1.094 localidades ativas cadastradas, distribuídas entre áreas urbanas, rural (terrestre e fluvial), assentamentos e áreas indígenas.
“Somos um dos principais municípios malarígenos do Estado do Amazonas, estamos sob permanente pressão, e o conjunto de fatores que favorecem a transmissão da malária impactam, dependendo do seu nível de controle, nos números da doença”, avalia.
Para a gerente, as ações de vigilância adotadas a partir das orientações do Protocolo de P. falciparum são fundamentais para o controle, redução e contenção dos casos. Com isso, estamos caminhando para a eliminação dessa forma parasitária nos próximos anos e contribuindo para que as futuras gerações estejam livres da malária”.
Fonte: Semsa
Fotos: Artur Barbosa / Semsa