Representantes de escolas indígenas e dos Espaços de Estudos de Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas (EELMCTI), da Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), participaram, na manhã desta quinta-feira, 28/9, da 2ª edição da Roda de Conversa com Anciãos e Anciãs indígenas.
Coordenado pela Gerência de Educação Escolar Indígena (Geei), o encontro aconteceu no auditório da Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério (DDPM), com a presença das etnias karapanã, tikuna, tukano, apurinã, baré, kambeba, kokama e sateré-mawé com abordagem de várias temáticas de cada etnia.
A programação vem de encontro com o processo pedagógico, conforme o artigo 2º, inciso VII, e parágrafo 3º, do artigo 7º da Resolução nº 5, de 22 de junho de 2012, que trata das diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar indígena na educação básica.
Os anciãos são detentores de muitos conhecimentos culturais que podem contribuir para o fortalecimento da cultura do cotidiano de suas comunidades, em seus espaços educativos, escolas e espaços de estudo de línguas, de acordo com as diretrizes pedagógicas da educação escolar indígena de Manaus.
De acordo com a assessora pedagógica da Geei, Silvanira Matos, a roda de conversa vem para reunir os indígenas que têm um conhecimento muito grande da cultura e outras informações da etnia. “Eles são conhecedores de saberes tradicionais. Esses conhecimentos indígenas são transformados e trabalhados na educação escolar indígena. Para nós, da gerência, é muito importante, porque é um momento que eles se reúnem para demonstrar e apresentar toda essa riqueza de cultura simbólica de todos esses povos que atendemos na Semed. A prefeitura nos dá essa oportunidade de reunir todas essas etnias e todo esse conhecimento”, finalizou.
Conhecimentos
Com o tema “Dança do Dabukuri”, o ancião José Pancracio da Silva, da escola indígena municipal Puranga Pisasu, na comunidade Nova Esperança, rio Cuieiras, foi um dos participantes do encontro. De etnia baré, ele disse que é importante manter a tradição da sua comunidade, mas, principalmente, a continuidade para os demais da etnia como um todo.
“Repasso, aqui, o conhecimento aprendido com os meus antepassados. Compartilhei também com meus amigos anciãos um ritual do nosso povo baré. Quando eu nasci, essa dança já existia. Aprendi com os meus avós, tios e tias, e, quando criança, entrava no meio da roda e aprendi um pouco”, comentou.
Para a vice-conselheira dos anciãos da etnia apurinã, Rozimar Menandes dos Santos (xitara apurinã), do Espaço de Estudo de Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas Wainhamary, o encontro foi fundamental para todos os povos, principalmente, na questão de aprendizagem e valorização da história de cada etnia.
“É importante a participação dos anciãos dos espaços de estudos, porque nós aprendemos uns com os outros, pois são várias culturas e realidades diferentes. A gente vai aprendendo com o depoimento de cada ancião, com a trajetória de vida, como chegou até aqui, passando conhecimento para os mais novos professores, porque o ancião é que passa as experiências para os professores e, depois, aos alunos. Essa troca de experiência, essa roda de conversa, é muito importante, porque a gente consegue se juntar em um só grupo e sair com vários objetivos e informações que vão contribuir para a educação escolar indígena em Manaus”, disse.
Fonte: Semed
Fotos: Eliton Santos/ Semed