A Prefeitura de Manaus deu início a um projeto piloto que busca oferecer noções do pensamento computacional para as crianças entre quatro e cinco anos da rede municipal de ensino. A meta é estabelecer a ideia de que não precisa ter um computador funcionando para ensinar ou propagar conceitos de tecnologia. Denominado “Letramento em Programação e Robótica”, o projeto é coordenado pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e, inicialmente, será voltado para 140 estudantes de sete Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis).
O projeto trabalha conceitos de programação desplugada, ou seja, sem a necessidade de um computador e internet, baseados no pensamento computacional, raciocínio lógico, criatividade para resolução de problemas, além da questão da linguagem e oralidade dos pequenos. Envolve também conteúdos ministrados em sala de aula, sempre respeitando a faixa etária e as metas pedagógicas estabelecidas para a modalidade de ensino.
O projeto é uma segmentação do Procurumim, que hoje está em 70 escolas da rede e que atende a quase 13 mil alunos. Segundo o coordenador geral do projeto Procurumim e também responsável, em conjunto com outros técnicos, pelo projeto piloto voltado à educação infantil, Regis Caria, a ideia principal é desenvolver o pensamento computacional das crianças e, com isso, proporcionar uma educação integral, como orienta o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.
“A ideia do projeto é fomentar o pensamento computacional, a partir de metodologias educacionais, que envolvam não só a linguagem de programação e tão pouco somente a robótica. E esse pensamento trabalha a partir de quatros parâmetros: abstração, decomposição, reconhecimento de padrão, algorítmicos. E a ideia também dessa computação desplugada é promover o desenvolvimento integral das crianças, baseado não só no cognitivo e disciplinar, mas também na progressão e no desenvolvimento de aspectos como o protagonismo, autonomia e sociabilidade com o outro”, explicou.
Ele frisou que o projeto vai ao encontro da nova tendência educacional, ou seja, a inserção das tecnologias no processo de aprendizagem para tornar o ensino mais atrativo e interessante.
“A partir desse pensamento computacional e desses parâmetros, o projeto envolve aquilo que todos esperam da educação brasileira, um ensino de qualidade e a educação 4.0. O projeto se preocupa com o desenvolvimento integral das crianças”, disse.
A primeira fase consistiu na preparação e formações dos disseminadores, que são professores e pedagogos. E no decorrer do ano, em paralelo com a aplicação do projeto nas escolas contempladas, irá acontecer formações com educadores. O projeto envolve toda a escola, a partir da aplicação da ação em cada unidade e envolvimento de outros professores e alunos.
Unidades Contempladas
As unidades contempladas são sete Cmeis, espalhados na zona urbana e rural de Manaus: Cmeis Maria de Fé Xeres, Antônio Anastácio Cavalcante, Renata Holanda de Souza, Sofia Soeiro, Maria do Socorro Cardoso, Ismail Aziz e Juracy Freitas.
Para a professora Raescla Ribeiro, a ação oportuniza aos alunos a iniciação e introdução ao estudo da programação e robótica. Segundo a educadora, o projeto é interessante porque instiga as crianças a entenderam que podem se tornar também produtores de tecnologia.
“A escola pública deve trazer essa abordagem mesmo, deve instrumentalizar as crianças desde a primeira infância, para que possam entender também que podem ser produtores de cultura e tecnologia, por que não? E para que isso ocorra é interessante que seja trabalhado desde a educação infantil, as nossas básicas e cernes desse padrão, como a abstração e algoritmos. Por isso, nós como escola, devemos disseminar esse pensamento nas crianças para que elas tenham essa noção“, completou.
Durante a execução do projeto, a criatividade e o raciocínio lógico das crianças são aguçadas, por meio de brincadeiras e soluções problemáticas lúdicas e pedagógicas. A aluna Ana Júlia Ribeiro, 4, do 1º período do Cmei Maria do Socorro Cardoso da Silva, no bairro Nova Esperança, zona Oeste, se divertiu com o projeto piloto.
“Adorei, brinquei e me diverti muito com meus amigos. Achei legal a brincadeira, até pensei que estava dentro de um computador mesmo”, frisou a pequena aluna.
A meta da prefeitura é aumentar para 500 o número de alunos beneficiados pelo projeto, conforme a necessidade e aceitação das crianças.