Pesquisadores do Amazonas participam de treinamento para estudo de vacina anti-HIV

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), ligado à Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), participam, ao longo desta semana, de treinamento no âmbito das pesquisas sobre a vacina de prevenção ao HIV-1. A reunião de estudos, que acontece em São Paulo (SP), é parte do “Estudo Mosaico” e visa discutir aspectos científicos da pesquisa, assim como de atividades de recrutamento e retenção dos participantes. 

 

O esquema de vacina estudado no “Mosaico” (HVTN 706/HPX3002) tem como objetivo prevenir o contágio de HIV-1 a partir de ampla variedade genética de cepas virais responsáveis pelas infecções em todo o mundo.

 

A pesquisa é uma parceria público-privada entre a Janssen Vaccines & Prevention B.V., parte das empresas farmacêuticas Janssen da Johnson & Johnson, o HIV Vaccine Trials Network (HVTN) e o National Institute of Health (NIH). Participam do ensaio clínico 55 instituições de saúde nas Américas do Norte e do Sul e na Europa, sendo oito no Brasil.

 

O estudo de fase 3 vai avaliar o esquema de vacinas em homens que fazem sexo com homens (HSH) e em pessoas transgênero em idade entre 18 e 60 anos. A meta é recrutar 3.800 participantes entre todas as instituições participantes.

 

Da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), participam do treinamento os pesquisadores Camila Bôtto e Fernando Val, liderados pelo pesquisador principal, Marcus Lacerda. O enfermeiro e educador de pares Iran de Barros, e o educador de pares Emanuel Medeiros, compõem a equipe do estudo e serão responsáveis pelo recrutamento e retenção de participantes.

 

“Manaus foi escolhida pois a cidade apresenta alta prevalência de HIV e grande parcela da população procura a FMT-HVD para diagnóstico e tratamento. Além disso, o IPCCB possui infraestrutura e equipe experiente na condução de ensaios clínicos com patrocínio nacional e internacional”, explica Fernando Val.

 

De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2019, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Manaus é a quinta cidade no ranking de capitais com maior taxa de detecção da doença por 100 mil habitantes.

 

A previsão inicial é que o recrutamento em Manaus inicie em março deste ano, a depender de aprovação do Conselho Nacional de Saúde (Conep). O estudo já recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

Os três dias de treinamento em São Paulo são compostos por oficinas que visam apresentar o panorama do “Estudo Mosaico” e as ferramentas para aquisição de dados, analisar e avaliar estratégias de recrutamento, criação de networking entre os centros de pesquisa para compartilhamento de estratégias, métodos de retenção de participantes, entre outros.

 

‘Estudo Mosaico’ – O estudo de eficácia para a vacina preventiva contra o HIV-1 em investigação pela Janssen tem o objetivo principal de demonstrar a eficácia de um regime vacinal capaz de proteger contra uma ampla variedade de cepas virais de HIV-1, responsáveis pela epidemia em todo o mundo.

 

O primeiro estudo clínico (fase 2b), conhecido como “Imbokodo” (HPX2008/HVTN 705), atualmente avalia a vacina em 2.600 mulheres, de 18 a 35 anos, em cinco países do Sul da África. A expectativa é obter os resultados iniciais do “Imbokodo” e do “Mosaico” até 2021 e 2023, respectivamente. A vacina será administrada em quatro doses no período de um ano.

 

Sobre o IPCCB – O Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB) é um grupo de pesquisa interdisciplinar, multiprofissional e interinstitucional dedicado ao estudo das principais doenças infecciosas na Amazônia Brasileira. O IPCCB é mantido e patrocinado pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), órgão da Secretaria de Estado de Saúde (Susam).

 

Atualmente o Instituto funciona como um consórcio firmado pela FMT-HVD com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia). As principais linhas de pesquisa são: malária, arboviroses, infecções sexualmente transmissíveis, hepatites, tuberculose, acidentes por animais peçonhentos, entre outros agravos relevantes para a população da Amazônia.