Pandemia gerou nos adolescentes a ‘Síndrome da Gaiola’
Há um ano em casa, muitos adolescentes não querem retornar para as escolas, mesmo com decreto autorizando o retorno as atividades escolares. Outros, nem sair com os amigos, namorar ou viajar. Esse pode ser um sinal da ‘Síndrome da Gaiola’.
Pandemia gerou nos adolescentes a ‘Síndrome da Gaiola’
Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores de 20 universidades americanas, analisaram adolescentes dos Estados Unidos, Peru e Holanda e mostrou que os sintomas de depressão aumentaram 28% com seis meses de pandemia.
Foram acompanhados 1.339 estudantes, de 9 a 18 anos.
Médicos começam a ser preocupar com um novo comportamento social entre adolescentes. Muitos não querem nem voltar para a escola, o que deve gerar um sinal de alerta para os pais.
Para especialistas, a escola não é apenas um local de aprendizagem acadêmica, é um local fundamental para a criação de valores, de noções de sociedade, regras, politização, independência e habilidade de lidar com conflitos que, com certeza, não acontecem dentro de um quarto, quando se estuda on-line, por exemplo.
O número de casos entre adolescentes com crises de pânico e ansiedade se tornaram comuns em consultórios psiquiátricos durante a pandemia. Entre esses casos, um chama a atenção, que é o desejo de não retornar as atividades escolares, o que pode ser a “síndrome da gaiola”, como nomeou um especialista.
Essa síndrome tem a analogia de uma gaiola aberta com um pássaro dentro. Mesmo com a portinhola aberta, o pássaro não sai.
Médicos alertam para esse comportamento, principalmente nos jovens entre 15 e 18 anos que estão trancados em casa nesse longo período de pandemia.
Vale ressaltar que, nem todas as síndromes são casos de transtornos da saúde mental, mesmo assim, as atenções devem ser redobradas em casos de isolamento decorrente de medo ou ansiedade.
Especialistas afirmam que evitar convívio social e situações de conflito traz problemas e pesquisas também mostram, no entanto, que retornar para a escola pode ser um fator de forte ansiedade decorrente do ambiente escolar possa vir a ser, para o adolescente, um espaço de ameaça social, onde o jovem pode se deparar com situações de conflito, inesperadas.
Em casa, eles podem se sentir mais confortáveis, pois podem mantêm contato com os amigos, com quem têm uma boa relação. Porém, ao evitarem essas dificuldades, não desenvolvem habilidades importantes para a vida adulta.
Segundo especialistas, a escola é fundamental para identificar eventuais problemas e um deles pode estar camuflado neste momento.
O suposto “ato nobre” de não ir a escola para não contaminar outros amigos, pode ser uma desculpa para encarar o medo e a ansiedade. esse comportamento sim, pode ser nobre, mas pode esconder a síndrome da gaiola.
A conclusão do estudo é a de que políticas públicas durante a pandemia precisam considerar a saúde mental dos adolescentes, como o incentivo à volta das aulas presenciais, por exemplo.
Para os pais, fica o alerta e a atenção redobrada para comportamentos ligados a saúde mental que podem estar sendo negligenciados.