BRASÍLIA — O ex-ministro Antonio Palocci assinou nesta quarta-feira seu terceiro acordo de delação premiada, o primeiro firmado com o Ministério Público Federal (MPF). A negociação foi fechada com a Procuradoria do Distrito Federal e abordou fraudes praticadas em fundos de pensão ligados a empresas e bancos estatais, alvo da Operação Greenfield, deflagrada em 2016. Os outros dois acordos assinados pelo ex-ministro, o primeiro em abril e o segundo em outubro, foram negociados com a Polícia Federal de Curitiba e de Brasília, respectivamente.
Desde segunda-feira o ex-petista vem revelando informações sobre aportes feitos por fundos de pensão de bancos e empresas estatais em troca de pagamento de propina para o PT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o principal alvo da delação. No relato, Palocci lista uma série de pressões feitas por Lula junto a presidentes dos fundos para que eles aportassem recursos em empresas sem analisar o retorno financeiro que teriam.
O acordo é celebrado pelo ex-petista e seus defensores, já que tanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto a força-tarefa de Curitiba se negaram a assinar qualquer tratativa com Palocci. A Procuradoria do Distrito Federal teve uma postura distinta. Em dezembro, o órgão pediu autorização para a juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara de Curitiba, para ouvir Palocci sob o argumento de que ele pode contribuir com as investigações. Naquele momentos as tratativas da delação estavam em andamento.
Palocci viajou de São Paulo para Brasília por mais de 13 horas no domingo em seu próprio carro acompanhado de um motorista para evitar exposição. Nos três dias em que passou na capital federal ele saiu do quarto do hotel apenas para prestar depoimento aos procuradores. O ex-petista entrou e saiu do prédio pela garagem e fez todas as refeições dentro do quarto, inclusive o almoço, quando tinha uma pausa de duas horas em seus depoimentos.
Desde 29 de novembro, o ex-ministro está em regime semiaberto diferenciado e cumpre pena em sua casa, em São Paulo. Ele é monitorado por tornozeleira eletrônica e tem permissão para sair de sua residência para trabalhar, mas precisa se recolher à noite e nos fins de semana. O benefício foi dado a ele depois que o Tribunal Regional Federal da 4 Região (TRF-4) homologou sua primeira delação assinada com a PF de Curitiba em abril.
A segunda foi firmada em outubro com a PF de Brasília e homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava Jato Edson Fachin, por incluir autoridades com foto privilegiado. O acordo fechado com a Procuradoria do DF não inclui nomes com foro.
Procurada, a defesa do ex-presidente Lula não respondeu, mas tem enfatizado que Palocci inventou mentiras para sair da prisão. Em nota, o PT disse que os fatos abordados pelo ex-ministro são “mais uma mentira vendida por criminosos à Lava Jato para sair da cadeia e recuperar o dinheiro que desviaram”.
Fonte: O Globo