Gaitano Antonaccio
Desculpem algumas palavras chulas, mas, é para o meu artigo ser compatível com os aeroportos, isto é, (moderno!)!
Pois é amigos, acabaram por transformar o prazer de viajar para os mais idosos, na maior tormenta de suas vidas. Os aeroportos modernos, suntuosos, espaçosos, repletos de lojas, informações e o escambau a quatro, não permitem aos passageiros com mais de 70, 80 ou 90 anos, o conforto que deveria existir, se o mundo não fosse tão cruel, sem solidariedade, sem compreensão, egoísmo, indiferente e todos entendesse que só existe uma forma de não se alcançar a velhice – morrer cedo, novo, quando atingido pelo destino, ou pior, sofrendo um ato criminoso em assalto, adquirindo uma doença terminal, desprezando a vida com excessos possíveis de serem evitados. Muitos procuram a morte, por não saber viver.
Atualmente, quando uma pessoa idosa comparece a um balcão de atendimento, de qualquer aeroporto, obriga-se a se postar diante de um computador mudo, surdo, que o obriga a ser bamba em informática, a fim de marcar seu assento e confirmar seu voo que já deveria ser claro, objetivo, sem necessidade de absolutamente porra nenhuma, a não ser exibir o bilhete para o despachante, na maioria das vezes despreparado para lidar com seres humanos, puto de raiva por que recebe um salário de merda, e haja grosseria no seu ato.
O menor descuido de qualquer passageiro, nos “modernos” aeroportos do mundo, seja qual for sua idade, posição social, atividade, nacionalidade, cor ou sexo, é suficiente para fazê-lo perder o voo, pois ele é obrigado a ficar atento, olhando plaquetas que mudam a cada dez minutos trocando os portões, os destinos, o horário, ou até mesmo comunicando voos cancelados, não importando às companhias aéreas sacanas, se essa esculhambação repetida sempre, causa transtornos de vida e morte para os que estão viajando. Pensemos por um instante, já que os idiotas que operam nos aeroportos, não se interessam pelo bom atendimento aos passageiros, de uma forma geral.
Imaginemos como atender uma pessoa idosa, que já se locomove com dificuldades, enxerga pouco, ouve menos, que enfrenta filas onde são quase todos mal-educados, apressados, furiosos com um tratamento péssimo e generalizado dos atendentes a exigir documentos, proibindo sacolas que sempre nos acompanham, e que agora depende da boa vontade dos mesmos para levarmos no colo, cometendo as mais injustas barbaridades, porque nos separam do dinheiro armazenado, dos medicamentos ingeridos em horários certos, e por aí vai, uma porção de dificuldades que a idade avançada não nos permite ser como antes, sem uma verdadeira assistência.
Quando há mudanças de portões de voos, alguns aeroportos com corredores quilométricos, não respeitam o tempo do percurso para uma pessoa de 80 ou 90 anos encontrar o novo portão, e muitos estão perdendo seu voo, por falta de solidariedade e compreensão. E tudo porque os aeroportos modernos, não são mais para ser usados na velhice. Viajar tornou-se uma atividade para quem ainda não alcançou os 70, 80 ou 90 anos. Dentro de algumas aeronaves, os maus tratos continuam, e às vezes somos tratados como intrusos. Viajar, atualmente, sem uma companhia capaz de ajudar nos embarques e desembarque dos aeroportos modernos é arriscar-se a uma aventura louca, podendo no mínimo ser embarcado em voos não programados, o que tem causado a renúncia de muitas pessoas que já não decidem mais viajar, perdendo de exercer um dos prazeres da vida, mesmo tendo condições financeiras para fazê-lo.
Para conduzir as nossas vidas, começamos a passar pelos bancos escolares, alcançamos uma universidade, tornamo-nos profissionais, vencemos, aprendemos que entre os prazeres da vida, está o de comer, ler, dormir bem, ouvir músicas e viajar pelo mundo com a família, com a esposa ou mesmo só. Mas o mundo moderno, frio, sem romantismo, ininteligível, sem solidariedade, sem compreensão, discriminatório contra a velhice, encontrou nos modernos aeroportos a maneira de impedir esse lazer, quando pelo contrário, são os idosos os mais capacitados financeiramente e com tempo disponível, os maiores clientes das companhias aéreas mal dirigidas (por isso a maioria ingressa em falência!).
Espero que depois dessa pandemia, quando tantas lições de amor e solidariedade foram despertadas na humanidade, as companhias aéreas e os dirigentes dos aeroportos do mundo, comecem a trazer de volta os idosos para viajar e não os afugentem com tanta perversidade nos embarques e desembarques. Um mínimo de respeito já seria motivo para que houvesse esse retorno.
*Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro das Academias de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas; Brasileira de ciências Contábeis; de Letras do Brasil; da de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santos e outras. ”