Com mais de um ano de pandemia a população brasileira ainda tenta negar o inegável. Já são mais 260 mil de mortos. Um número maior que os de conflitos armados pelo mundo.
Segundo a psicanálise, “a primeira defesa da qual o ser humano lança mão, em qualquer processo de luto, é a negação”. Isso pode explicar o fato, de que parece ser a banalização da morte ou desvalorização da vida.
Os constates embates entre a verdade da ciência e a “verdade” das fake News divide a população de um modo que a gente pensa que está vendo um documentário sobre o século III.
Para a psicóloga Cândida Alves, a questão do negacionismo coletivo está no fato de que: “quanto mais acreditamos que algo ruim vai nos acontecer, mais criamos ‘desculpas’ para que aquilo – com o que não conseguimos lidar – não nos aniquile”.
Ela completa dizendo que a pessoa, ao afirmar de maneira convincente pra si mesma, primeiramente, que não é verdade o que está acontecendo, ela desqualifica o problema, pra deixá-lo de um tamanho que possa ser capaz de enfrentar.
Trazendo para a nossa realidade, podemos dizer que:
Apesar do Amazonas ainda estar na classificação da faixa vermelha, com hospitais lotados, todo tipo de evento social suspenso, com registros de mais de 324 mil novos casos da doença e mais de 10,8 mil óbitos, mesmo assim ainda acontece a negação por parte do governo estadual e da população. Ambos parecem não saber como lidar com os problemas.
– Em Manaus, só neste fim de semana, em meio a um cenário de guerra, mais de 40 estabelecimentos foram fechados por desrespeito às medidas de segurança contra a Covid-19.
Mesmo assim, o novo decreto, anunciados no sábado (6), aumentou a flexibilização do comércio mais ainda. O negacionismo por parte das autoridades é visível e isso afeta diretamente a população que passa a ignorar os riscos e consequências da pandemia.
– Estar na faixa vermelha significa restringir a circulação ao máximo, então: por que flexibilizar?
Um grande problema continua: o negacionismo.
Um exemplo é o uso de remédios ditos de uso “preventivos”. De um lado a ciência diz provar a ineficacia desses medicamentos perante o virus da covid-19 e mesmo assim, centenas de milhares de pessoas continuam usando e compartilhando informações sobre o assunto.
– Não! não podemos dar voz aos negacionistas, gritam os médicos e profissionais da saúde.
No início deste ano, um médico de Manaus, em entrevista ao jornal Estado de Minas, afirmou que muitos pacientes internados em UTIs fizeram uso desses remédios e de nada adiantou. Isso porque eles não têm efeito nenhum. (veja aqui)
No caso de muitas pessoas ainda continuarem tendo algum tipo de comportamento dito “errado” pela ciência, é só pelo simples fato de que “Precisamos de certezas e de segurança. Do contrário, o medo e a angústia se tornam mortais (simbolicamente falando) e entramos em pânico”, completa a psicóloga Cândida Alves.
Por fim, o jeito é seguir usando máscara, permanecer recolhido em casa, manter o distanciamento social e procurar se informar para tentar manter uma saúde mental equilibrada em meio a crise que assola o país.