Dez candidatos entram na disputa pela sucessão de Theresa May no Reino Unido

LONDRES — A Comissão 1922, responsável pelo processo de escolha do novo líder do Partido Conservador do Reino Unido, anunciou nesta segunda-feira que dez candidaturas foram aprovadas, tendo o direito de participar dos atos de campanha e das votações. A primeira delas acontece já na quinta-feira. Como o Partido Conservador tem a maioria no Parlamento, o nome que assumir a liderança da sigla deverá assumir o cargo de primeiro-ministro.

A eleição foi convocada após a saída da primeira-ministra Theresa May da liderança  conservadora, em 7 de junho . Ela permanecerá na chefia do governo, de forma interina, até o final de julho, quando deve ser anunciado o novo líder. May anunciou sua renúncia depois de sofrer seguidas derrotas no Parlamento, que votou contra o acordo para o Brexit negociado com ela pela União Europeia. Seu sucessor terá a tarefa de conduzir a saída do Reino Unido do bloco, agora prevista para 31 de outubro.

Mesmo antes do anúncio desta segunda-feira, analistas apontavam alguns dos favoritos para ocupar a residência oficial de Downing Street, número 10.

O principal deles é o ex-ministro de Relações Exteriores do Reino Unido e ex-prefeito de Londres, Boris Johnson . Ele tem o apoio formal de 55 dos 313 parlamentares e de grande parte da base do partido. Johnson é um dos mais fervorosos apoiadores do Brexit , defendendo que o prazo de 31 de outubro seja cumprido. Mas analistas defendem cautela antes de cravar que ele vai vencer: Johnson também era favorito na disputa pela liderança do partido em 2016, mas a entrada de um de seus aliados na disputa, Michael Gove, atrapalhou seus planos. Ele nem chegou a concorrer. Muitos também lembram de Michael Portillo , cuja vitória era dada como certa em 2001. Ele foi eliminado na terceira votação.

Outro nome de peso é o de Michael Gove , também defensor do Brexit. Atual ministro do Meio Ambiente, Gove já ocupou as pastas da Justiça e Educação. Gove tem o apoio dos conservadores que não querem Boris Johnson na liderança, mas que também defendem que o partido tem que ser chefiado por alguém a favor da saída da União Europeia. Analistas afirmam que ele pode atrair votos de parlamentares de centro no caso de uma disputa direta com Johnson.

Atual ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt se apresenta como o candidato capaz de fazer acordos, unir os conservadores e conduzir o Brexit de maneira tranquila. Hunt não defendeu a saída da União Europeia , mas conseguiu ampliar sua base de apoio interna, contando com 29 parlamentares do partido, incluindo alguns ministros.

Por outro lado, Dominic Raab faz uma campanha defendendo um Brexit “mais duro”, sem dar margem a negociações com a União Europeia. Analistas o veem como alguém que tenta disputar o posto de ” líder do Brexit ” com Boris Johsnon.

Na lista de favoritos também aparece o ministro dos Assuntos Internos, Sajid Javid . Filho de imigrantes e criado em uma região pobre e violenta de Bristol, Javid gosta de contar como construiu uma carreira de sucesso no setor financeiro e, mais tarde, no governo. Assim como Jeremy Hunt, ele foi contra o Brexit. Apesar de ter o apoio formal de apenas 18 parlamentares, é visto como alguém que pode surpreender.

Processo de escolha

Com o fim do prazo para a apresentação das candidaturas, às 13h desta segunda-feira, pelo horário de Brasília, teve início o processo oficial de escolha. Para um nome ser aprovado pela Comissão 1922, responsável pelo processo, ele precisava ter o apoio formal de pelo menos oito parlamentares do partido.

Já a partir desta semana, nos dias 11 e 12 , serão realizados eventos onde cada um dos candidatos poderá apresentar suas propostas e convencer os demais parlamentares conservadores de que é a melhor pessoa para liderar o Reino Unido.

Na quinta-feira, dia 13, terá início a série de votações internas, que contarão apenas com os votos dos parlamentares conservadores. O processo acontece em uma sala do Parlamento, com cédulas de papel. Na primeira delas, quem receber menos de 17 votos estará eliminado. Se todos os candidatos superarem a marca, aquele com o menor número de votos ficará fora.

Na segunda votação, no dia 18 de junho, o limite passa para 33 votos. Nas votações seguintes, caso sejam necessárias, o limite é abandonado e o candidato que ficar em último estará automaticamente eliminado.

O processo continua até que apenas dois nomes fiquem na disputa. É quando a votação passa a ser aberta a todos os membros do Partido Conservador, hoje em torno de 160 mil pessoas. A expectativa é de que esta etapa seja concluída até o dia 22 de julho.

Na última eleição para o comando do partido, em 2016, Theresa May foi escolhida apenas com os votos dos parlamentares, uma vez que Andrea Leadsom desistiu depois da segunda rodada de votação. Em 2005, David Cameron perdeu a primeira votação para David Davis, mas acabou vencendo na segunda rodada e no voto dos membros do partido. As atuais regras de escolha estão em vigor desde 1998.

Fonte: O Globo