Chanceler venezuelano viaja para Rússia para reunião com Lavrov

WASHINGTON — O chanceler venezuelano , Jorge Arreaza, embarca neste sábado para a Rússia , onde se encontrará com o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, no domingo. A reunião acontecerá antes de um encontro excepcional entre Lavrov e o secretário de Estado americano,  Mike Pompeo , na Finlândia na semana que vem.

Uma fonte opositora revelou ao GLOBO que a negociação na Finlândia deve incluir a Ucrânia. Assim, a Rússia deve condicionar a saída do conflito na Venezuela ao fim do apoio americano a Kiev.

Três dias depois de um frustrado levante militar liderado por Juan Guaidó , autoproclamado presidente interino e apoiado por Washington e mais 50 países, o presidente americano, Donald Trump, e o russo, Vladimir Putin, conversaram na sexta-feira sobre a Venezuela, por telefone, uma conversa considerada por Trump como “muito produtiva”.

A tensão entre a Casa Branca e o Kremlin aumentou nas últimas semanas por causa do país, que tem as maiores reservas de petróleo do mundo. Segundo o Kremlin, o telefonema foi iniciativa de Washington.

— Putin não está buscando se envolver na Venezuela, além de que gostaria de ver algo positivo acontecer — disse Trump a jornalistas.

No dia da tentativa da oposição de depor Nicolás Maduro, aliado de Moscou, os Estados Unidos disseram que a Rússia dissuadiu o presidente venezuelano de fugir para Cuba, outro de seus aliados. Moscou negou, acusando Washington de apoiar um golpe de Estado “que não tem nada a ver com a democracia”. Em Caracas, Guaidó convocou novos protestos contra o presidente.

“Putin afirmou que só o povo venezuelano tem direito a decidir o futuro do país”, destacou um comunicado russo. “A interferência em assuntos internos, as tentativas de uma mudança de governo em Caracas à força, minam as perspectivas de uma solução pacífica do conflito”.

Reunião no Pentágono

A situação na Venezuela também foi discutida nesta sexta-feira no Pentágono pelo secretário de Defesa interino, Patrick Shanahan; o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo; o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton; e o almirante Craig Faller, que encabeça o Comando dos Estados Unidos para a América do Sul (SouthCom).

— Os Estados Unidos avaliam opções militares para a Venezuela adaptadas às circunstâncias no terreno — disse Shanahan, que lembrou as advertências reiteradas de Trump de que “todas as opções” estão sobre a mesa. — Tudo incluiria tudo. À medida que mudam as condições, fazemos modificações e ajustes.

Em entrevista à emissora CNBC, no entanto, Pompeo voltou a baxar o tom:

— Esperamos uma transição pacífica do poder  — afirmou o vice-presidente, destacando a ampla gama de sanções econômicas impostas por Washington e prometendo aumentar a pressão diplomática a favor de Guaidó. — Seus esforços desta semana são parte de um processo em que o presidente legítimo da Venezuela assume o controle.

Guaidó convocou novas mobilizações opositoras para este sábado, nas quais disse que será entregue “de forma pacífica” uma proclamação nas principais unidades militares exortando a tropa a dar as costas a Maduro. O texto vai ratificar o compromisso do Legislativo, eleito em 2015 e de maioria opositora, com uma lei de anistia, disse, insistindo em que são mantidos diálogos secretos com autoridades que apoiam sua proposta de instaurar um governo de transição para organizar eleições presidenciais.

O Grupo de Lima, formado por 13 nações das Américas com o objetivo de procurar uma solução para a crise na Venezuela, pretende agora convidar Cuba para ajudar na busca de uma saída para a situação no país, que se agravou nesta semana após a fracassada tentativa de depor o presidente Nicolás Maduro encabeçada pelo líder opositor Juan Guaidó na terça-feira.

Cuba é apontada por Estados Unidos, e também pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, como um importante aliado de Caracas. Trump ameaçou inclusive Havana nesta terça com um “embargo total” se não suspender seu apoio a Maduro.

Fonte: O Globo