BRASÍLIA — Depois da pressão de alguns setores do governo, o ministro da Justiça, Sergio Moro , recuou e decidiu excluir a coordenadora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó , do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Ilona se tornou conhecida nos últimos anos por liderar um movimento contra o afrouxamento do Estatuto do Desarmamento. Ela foi afastada depois de ter sido formalmente nomeada para o cargo e sofrer críticas da militância bolsonarista .
Numa nota divulgada nesta quinta-feira, Moro explica as razões da saída da cientista política do conselho. O ministro informa que até pediu desculpas a ela pela decisão. “Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas”, diz o texto distribuído pela assessoria de imprensa do ministério.
Moro explica ainda que a escolha de Ilona tinha sido “motivada pelos relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé”. Na nota, o ministro não informa de onde partiram as pressões para a exclusão da cientista política. Pela atuação contra mudanças no Estatuto do Desarmento, Ilona era alvo de críticas da bancada da bala.
Nesta quarta-feira, logo após a nomeação de Ilona ser publicada no Diário Oficial da União, o ministro Sergio Moro, responsável pela indicação, se tornou alvo da militância bolsonarista na internet.
Apoiadores do presidente levaram a hashtag #IlonaNão aos assuntos mais comentados do Twitter. Eles reclamaram que a especialista em segurança pública defende o desarmamento e fez críticas ao decreto de posse de armas assinado por Jair Bolsonaro.
Mesmo grupos não exatamente de apoio a Bolsonaro, mas a favor do armamento, como o MBL, endossaram as críticas.
Fundadora do Instituto Igarapé, que se dedica a estudar e elaborar propostas de políticas públicas para a redução da violência, Ilona é uma das vozes mais ativas no debate sobre segurança pública no país, e foi chamada por Moro para ser suplente no conselho.
Vinculado ao Ministério da Justiça, o Conselho Nacional de Política Criminal é formado por representantes de diversos órgãos públicos e de entidades da sociedade civil. O conselho tem como papel discutir e sugerir políticas criminais. Cabe ao conselho também elaborar as regras para os tradicionais indultos de Natal. Nos últimos anos, os indultos têm sido alvo de intensa disputa entre grupos pró e contra o endurecimento de normas contra presos.
Fonte: O Globo