Uma das obras mais emblemáticas da gestão do prefeito Arthur Virgílio Neto, o Casarão da Inovação Cassina, inaugurado recentemente, é também um marco de restauração histórica com arquitetura de reutilização adaptativa. “A ideia foi trazer o contemporâneo em meio à história desse espaço”, destacou a presidente da Comissão Especial de Paisagismo e Urbanismo, a primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro.
Formada em arquitetura e urbanismo, Valeiko também ressaltou o paisagismo implantando no espaço, que contempla uma minifloresta tropical. “O paisagismo é vivo e é essencial para qualquer projeto, seja ele moderno ou clássico. No Casarão se preservou a história por meio da arquitetura, mesclando com elementos contemporâneos, como o ferro, vidro e os próprios jardins”, explicou.
Durante anos, o Cassina ficou tomado por vegetação trepadeira e internamente havia um pequeno microambiente com arvoretas. A proposta do paisagismo foi manter esse imaginário de vegetação exuberante da região, que também funciona como núcleo de circulação vertical externo. Além do jardim principal, o prédio conta com jardineiras que, futuramente, irão formar uma faixa verde vertical na fachada interna da edificação. No terraço, um novo trecho de jardim tem a função de filtro entre a área social e a parte de uso técnico do imóvel.
Espécies como palmeiras de açaí, laca e rabo de peixe, além das folhosas helicônias, alpínias, alocásias, dracenas e outras fazem parte da composição paisagística. Forrações como tradescantia, singônio, fitônia, sansevierias e a trepadeira turbergia azul compõem os jardins em variedade, para reproduzir uma pequena floresta tropical em ambiente urbano. Todo o sistema conta com irrigação automatizada.
Para o diretor-presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), Claudio Guenka, responsável pela obra de restauro, o que antes fazia parte do imaginário arquitetônico e imaterial dos amazonenses se tornou real e será ocupado pela inovação, tecnologia, startups e o futuro. A obra integra o programa “Manaus Histórica”, aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e que conta com recursos próprios da Prefeitura de Manaus.
“Há algo fascinante no desafio de rever e ressignificar soluções arquitetônicas do passado, como se vê na obra do Cassina. Não se trata de um simples retrofit, incluindo a fachada, mas uma ampla conexão e revisão de usos, princípios e ideias, assim como a adaptação e modernização de estrutura física e a readequação ao contexto urbano”, detalhou Guenka.
Projeto
Foi pensando em dotar a capital de um espaço eficaz para as pessoas e negócios, inserindo de vez Manaus na economia 4.0, ao mesmo tempo preservando a história do ambiente construído, suas marcas e beleza, que o projeto do Casarão da Inovação Cassina se tornou único.
“Foram preservadas as fachadas marcantes da edificação, mantendo suas características originais, uma vez que é a última representante em Manaus de argamassa pigmentada com pó de pedra jacaré”, explicou o autor do projeto, o arquiteto Laurent Troost, diretor de Planejamento do Implurb.
Segundo o arquiteto, a técnica para o acabamento das paredes externas consiste em um tipo de argamassa aplicada para nivelamento da parede, que já é pigmentada com uma cor geralmente forte. O processo geralmente era aplicado em prédios públicos e estabelecimentos mais nobres e tinha a função de dar um destaque maior para o prédio entre as outras edificações, valorizando e causando imponência.
Para a superintendente do Iphan no Amazonas, Karla Bittar, o projeto se mostrou assertivo e potencializa o significado cultural da então ruína do hotel Cassina, trazendo o edifício de volta ao uso da população amazonense. “Inclusive contempla um uso proposital e atual à vida contemporânea, isso sem deixar de enaltecer os valores físicos e simbólicos do lugar. Nós, do Iphan, entendemos que sua implantação há de disseminar a percepção de que o Centro Histórico de Manaus, que é considerado patrimônio cultural brasileiro, pode e deve ser cada vez mais apropriado pelas pessoas”, concluiu.
Ambientes
O Casarão da Inovação Cassina tem um subsolo para abrigar todas as funções técnicas, assim como a sala de formação, enquanto o térreo abriga a recepção, um lounge e as principais salas de reunião e laboratórios. O primeiro pavimento propõe duas salas de reunião e um plano de trabalho aberto. O pavimento superior apresenta um espaço para café/restaurante recuado em relação ao plano das fachadas, com vista privilegiada aos usuários, que vão poder olhar a praça Dom Pedro II e suas copas de árvores, o Teatro Amazonas, o Museu da Cidade e o rio Negro, a partir do terraço.
O projeto é de autoria do arquiteto Laurent Troost, tendo uma equipe de apoio e referência: Rejane Gaston, Juliana Leal, Erick Saraiva, Nayara Mello, Eloisa Serrão, Elter Brito, Victor Marques, Marcelo Costa, Ingrid Maranhão Tiago, Eduardo Correa, Amanda Pereira e Fernanda Martin.