É preciso ficar alerta aos sinais da doença: os sintomas iniciais podem ser confundidos com outras doenças infecciosas, como a gripe
Alertar a população para os riscos da doença e a importância de prevenir e diagnosticar precocemente a meningite são os objetivos do Dia Mundial da Meningite, celebrado nesta sexta-feira, 24 de abril. Quando todo o mundo enfrenta este momento sensível e desafiador diante da pandemia do novo coronavírus, mais do que nunca é importante não se descuidar da atualização da caderneta de vacinação e atuar na prevenção contra diversas outras doenças.
A neurologista do Hapvida Saúde, Julianne Tannous, explica que a meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. “A meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas”, explica a médica.
A especialista alerta ainda que alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias. “Não fique na dúvida: criança chorosa, sem apetite e prostrada, que se queixa de dor de cabeça e com febre, precisa ser avaliada e considerada a hipótese de meningite”, afirma Julianne.
Tipos da doença
A meningite meningocócica é considerada uma doença endêmica no Brasil, com casos esperados ao longo de todo o ano.
Meningites virais: nas meningites virais, o quadro pode ser mais leve. Os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados. A doença acomete principalmente as crianças, que têm febre, dor de cabeça, rigidez da nuca, falta de apetite e irritação. Uma vez que os exames tenham comprovado tratar-se de meningite viral, a conduta na maioria das vezes é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.
Meningites bacterianas: as meningites bacterianas podem ser mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo. Em pouco tempo, se manifestam os sintomas: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de sepse aumenta. Nos bebês, a moleira poderá ficar elevada.
Transmissão
A médica explica que nem todos que adquirem o meningococo ficam doentes, pois o organismo se defende com os anticorpos que cria através do contato com essas mesmas bactérias, adquirindo resistência à doença.
“A doença pode ser transmitida pelo portador através da fala, tosse, espirros e beijos, passando por gotículas de saliva de uma pessoa para outra. As crianças de 6 meses a 1 ano são as mais vulneráveis ao meningococo porque geralmente ainda não desenvolveram anticorpos para combatê-la”, alerta a neurologista.
Prevenção
Manter a vacinação em dia, evitar locais com aglomeração de pessoas, deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente, salas de aula, locais de trabalho e no transporte coletivo; não compartilhar objetos de uso pessoal e reforçar os hábitos de higiene são importantes medidas de prevenção contra as meningites.
“Crianças até um ano de idade tomam as seguintes vacinas: BCG e hepatite B, ao nascer; Pentavalente aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses e 4 anos; pneumocócica aos 2 e 4 meses e reforço aos 12 meses; meningocócica aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses”, destaca Tannous.
Os adolescentes, na faixa etária de 11 a 14 anos, tomam dose extra da meningocócica. Para os idosos com alguma comorbidade, mediante relatório médico como diabetes, doenças respiratórias, câncer, hipertensão, enfisema, dentre outros, a partir de 60 anos, podem tomar a pneumocócica.
A especialista destaca, ainda, sobre os tipos da doença e as respectivas vacinas que devem ser tomadas como forma de combate e prevenção.
Meningite tipo C (a proteção está contida na vacina Meningo C)
– para crianças (1ª dose aos 3 meses; 2ª dose aos 5 meses; e reforço entre 12 meses e 4 anos 11 meses e 29 dias); – para adolescentes entre 12 e 13 anos – 1 dose.
Meningite por pneumococo (a proteção está contida na vacina Pneumo 10)
– para crianças (1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e reforço entre 12 meses e 4 anos 11 meses e 29 dias).
Meningite por Haemophilus influenzae (a proteção está contida na vacina Pentavalente)
– para crianças (1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e 3ª dose aos 6 meses).
Meningite tuberculosa (a vacina BCG protege contra a meningite tuberculosa)
– para crianças, ao nascer.