BRASÍLIA – O plenário do Senado decidiu, nesta sexta-feira, que o voto para a escolha do presidente do Senado será aberto. A decisão ocorre depois de duas “questões de ordem” feita por dois senadores que pretendem derrotar o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Por 50 a dois, os senadores decidiram mudar o regimento interno da Casa, que prevê votação secreta.
É uma derrota para o grupo de Renan, que brigou em plenário para que o voto fosse secreto. A abertura do voto prejudica o alagoano. Alguns apoiadores avisaram a Renan que, caso a votação deixasse de ser sigilosa, teriam dificuldade em expor o apoio a ele. Os senadores ainda responderão se a eleição será em turno único ou haverá segundo turno, antes da votação.
Antes da decisão, Renan e aliados discutiram com Davi Alcolumbre (DEM-AP) e seus apoiadores. No microfone, o alagoano se exaltou.
– Em nenhum lugar do mundo, onde prevalece uma Constituição e a democracia e tem três Poderes funcionando, em nenhum lugar, não é no Brasil só não, jamais haverá voto aberto na eleição de Presidente – disse o emedebista.
Ele questionou em qual condição Alcolumbre presidia a sessão e disse que não haveria legitimidade se ele for candidato. O senador evitou responder formalmente que é candidato. Disse que aguarda a decisão do partido.
Aliado de Renan, Eduardo Braga (MDB-AM) também cobrou de Alcolumbre.
– Vossa Excelência não pode inverter a ordem, porque essa é a Casa que da o exemplo da segurança jurídica – disse, completando que “o voto é secreto, pela regra estabelecida, mas isso não impede que quem quiser declare o voto”.
Do plenário, um colega gritou que a polícia teria de ser chamada para resolver a confusão.
– Chame a polícia – respondeu Kátia.
Os dois senadores que votaram contra o voto aberto foram o líder do MDB, Eduardo Braga, e Maria do Carmo Alves (SE), que curiosamente é do partido do Alcolumbre.
A abertura do voto é a grande aposta contra Renan. Seus adversários apostam que, pressionados pela opinião pública, vários senadores deixarão de votar no emedebista. As questões de ordem foram levantadas por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Lasier Martins (PSD-RS). Alcolumbre transferiu a decisão para o plenário.
A discussão á acalorada. Depois de anunciar o resultado, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) subiu à Mesa Diretora e pediu que Davi Alcolumbre (DEM-AP) deixasse a presidência da sessão. Ele também é candidato ao comando da Casa e está à frente da sessão sob o argumento de ser integrante remanescente da última Mesa Diretora. Para apoiadores de Renan, as decisões dele estão contaminadas por sua candidatura.
– Se o senhor pode presidir esta sessão, eu também posso. Chame o (senador) mais velho; depois, o segundo mais velho; depois, o terceiro – disse a senadora.
Fonte: O Globo