Lançada durante a programação da Prefeitura de Manaus da Semana do Livro, que nesta 3ª edição homenageia o escritor Guimarães Rosa, a obra “A Reinvenção do Sertão: a estratégia organizacional de Canudos”, produto de uma extensa investigação bibliográfica, documental e de campo, enaltece o trabalho de mais de 30 anos do autor do livro, o professor doutor Paulo Emílio Matos Martins.
A edição comemorativa do 120° aniversário do final da Guerra de Canudos revela, em um formato atualizado e moderno, a pesquisa da tese de doutorado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, em 1999, que reconstrói os eventos que marcaram a história do Brasil em Belo Monte, Bahia.
O conflito no sertão baiano nos anos de 1896 e 1897, que terminou com a destruição de um povoado, revela a história sobre a Guerra de Canudos, que passa pela então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia. Batalhas entre tropas do governo federal e um grupo de sertanejos, que fora liderados por um líder sócio religioso, Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro (1828-1897), o qual acreditavam ser um enviado de Deus para acabar com as diferenças sociais e com a cobrança de tributos.
O episódio foi fruto de uma série de motivos como a grave crise econômica e social em que encontrava a região à época, historicamente caracterizada pela presença de latifúndios improdutivos, situação essa que se agravou pela ocorrência de secas cíclicas, pelo desemprego crônico; pela crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão, reféns do clima e da exclusão econômica e social.
Segundo Paulo Emílio, o crescimento demográfico e desproporcional na época do conflito culminou para o reconhecimento do episódio como um fenômeno administrativo.
“A tese traz estudos dos modelos de organização e de poder/autoridade que tornaram possível esse crescimento, o abastecimento e a defesa de Canudos em uma situação tão critica. Extrai do fenômeno, novas premissas e mostra o quanto a administração tem a aprender e contribuir, com a pesquisa sobre formas organizacionais de movimentos políticos e comunitários brasileiros”, disse Paulo.
Ainda segundo o autor, o estudo propõe o modelo de análise denominado Tetraedro Semioncológico das Organizações, e confronta os depoimentos colhidos entre descendentes dos sobreviventes da guerra com os relatos dos cronistas-testemunhas, estudiosos e os registros iconográficos, musicográficos e literário sobre o episódio.
Nesta 2ª edição, lançada em 2018 pela editora Hucitec, o autor acrescenta ao final do livro, uma reflexão sobre os movimentos comunitários e sociais, vivenciadas na cidade natal do autor, Rio de Janeiro. O capítulo mostra uma comparação entre conflitos presentes nos dias atuais paralelo aos da Guerra de Canudos, entre os anos 1896 e 1897.
“Morador do Rio de Janeiro, constantemente me vejo em uma situação que me coloca de volta a uma lembrança guardada, como a Guerra de Canudos. A ocupação militar em uma das maiores favelas do RJ, em um bairro de permanentes tensões, em meio aqueles rituais de identificação, dividindo espaço com carros de combate, canhões. Toda aquela situação me levou a pensar que canudos não terminou, ainda que não seja uma guerra declarada. Esse grande problema social faz com que demos eternidade ao fenômeno de canudos”, complementou Paulo.
Paulo Emílio Matos Martins
Autor de diversos livros, capítulos de livros, artigos em periódicos científicos, anais de congressos, jornais e revistas, o professor doutor Paulo Emílio Matos Martins carrega um extenso currículo: Doutor em Administração de Empresas (EAESP/FGV, 1999; Mestre em Administração Pública (EBAP/FGV, 1987; Engenheiro Mecânico (UFPA, 1968; Licenciado em Desenho (UFPA, 1967; Oficial da Reserva (R2) da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro (CPOR 8, 1966).
Paulo Emílio, atua, ainda, como Supervisor/Orientador de pesquisas de pós-doutoramento, teses de doutoramento, dissertações de mestrado e monografias de especialização e graduação.