Jovens comunicadores indígenas recebem formação em medicina tradicional

O evento acontece de forma virtual, por meio da Fiocruz Amazônia, e visa a formação de práticas da medicina tradicional a jovens comunicadores indígenas.

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e as organizações não-governamentais Centro de Medicina Indígena e Saúde dos Povos Indígenas da Amazônia, realizará na próxima quinta-feira, 14/07, a Oficina de Formação de Jovens Comunicadores Indígenas, com a temática “Medicina Indígena”,  às 8h20. O objetivo do evento, que será no formato remoto, é preparar jovens comunicadores que irão acompanhar futuramente as oficinas do ensino tradicional da Medicina Indígena, respeitando e contribuindo para a preservação das tradições e costumes de cada povo.

Os conhecimentos serão aplicados nos territórios de abrangência do Projeto Echo, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia em parceria com o UNICEF. “A ideia é estimular os jovens a saírem a campo para captar imagens e fazer registros referentes ao cotidiano de suas comunidades. Nós, da Fiocruz Amazônia, ficaremos responsáveis pela edição desse material”, explica o chefe do Laboratório de História, Política Públicas e Saúde na Amazônia (Lahpsa), Júlio Schweickardt, pesquisador do ILMD/Fiocruz Amazônia. A oficina será ministrada pelo especialista indígena João Paulo Tukano e a jornalista e documentarista Flávia Abtibol.

Durante a oficina, serão abordados os diferentes aspectos das narrativas por meio das ferramentas de comunicação e sobre práticas de cuidado de saúde e cura dos povos indígenas. Na programação, está prevista exposição sobre a importância de Kihti ukuse (narrativas míticas), Bahsese (benzimetos) e Bahsamori (rituais), os três conceitos fundamentais do conhecimento prático-científico dos povos indígenas, além do sistema de cuidado de saúde e cura, com benzimentos e uso de plantas medicinais, enfrentamento à covid-19, orientações sobre produção de vídeos e atividades práticas.

“A medicina Indígena é o reconhecimento da sabedoria e  práticas baseadas em crenças e experiências de diferentes culturas utilizadas na manutenção da saúde. Assim, essa formação com os jovens comunicadores indígenas fortalece a preservação do conhecimento repassados historicamente entre os povos para a prevenção, diagnóstico, tratamento e melhora de enfermidades”, esclarece o especialista em Saúde e HIV do UNICEF Brasil, Antônio Carlos Cabral.

“Essa oportunidade ajuda os jovens comunicadores a transmitir suas demandas e de suas comunidades. Eles já  trabalham muito bem na mediação das informações que são enviadas até a base. Além do fato  que são futuras lideranças que vão agregar conhecimento e estratégias de comunicação nas suas organizações e comunidades”, informa Anderson Teles Marques, que integra o grupo de jovens comunicadores indígenas.

Para Júlio Schweickardt, a oficina de jovens comunicadores nada mais é do que uma oportunidade de troca de saberes e experiências. Ele lembra que a Fiocruz Amazônia e o UNICEF trabalham em parceria na elaboração de um diagnóstico do impacto da pandemia de covid-19 em comunidades indígenas e, nesse sentido, a transmissão de conhecimento via jovens comunicadores assume grande relevância. O projeto ECHO Covid, coordenado pela pesquisadora em Saúde Pública do Lahpsa, Michele Rocha de Araújo El Kadri, tem como finalidade o fortalecimento da resposta da pandemia em vigilância, saúde mental e medicina tradicional com povos indígenas de quatro estados (Amazonas, Roraima, Pará e Maranhão). O projeto conta com recursos da European Civil Protection and Humanitarian Aid Operations (ECHO).