A Guarda Revolucionária do Irã disse nesta quarta-feira (22) que teve sucesso ao colocar seu primeiro satélite militar em órbita em um momento de tensões acentuadas com os Estados Unidos (EUA) por causa dos programas nuclear e mísseis de Teerã.
Autoridades dos EUA já disseram que temem que a tecnologia usada para colocar satélites em órbita também possa ser usada para lançar ogivas nucleares. Teerã nega as afirmações norte-americanas de que tal atividade é um disfarce para o desenvolvimento de mísseis balísticos e diz que jamais buscou a criação de armas nucleares.
“O primeiro satélite militar do Irã, Noor, foi lançado nesta manhã do deserto central do Irã. O lançamento foi um sucesso e o satélite entrou em órbita”, disse a televisão estatal.
O satélite, cujo nome significa “Luz”, está orbitando 425 quilômetros acima da superfície da Terra, disse a TV em um comunicado publicado em seu site.
A força disse que usou o lançador de satélites Qased, ou “Mensageiro”, para transportar o Noor, sem dar detalhes sobre a tecnologia.
“O lançador de satélites Qased de três estágios usou uma combinação de combustíveis sólidos e líquidos”, informou.
Imagens de TV mostraram que o lançador de satélites continha um verso do Corão que os muçulmanos recitam ao viajar: “Glória a Ele que sujeitou isto a nós, pois que jamais poderíamos tê-lo feito com nossos próprios esforços”.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, readotou sanções ao Irã depois de se retirar em 2018 de um acordo internacional de 2015 concebido para impor limites ao programa nuclear iraniano.
Trump disse que o acordo nuclear não ia longe o suficiente e tampouco incluía restrições ao programa de mísseis balísticos do regime e ao apoio às suas forças por procuração no Oriente Médio.
O lançamento desta quarta-feira ocorreu depois de o principal comandante militar iraniano, Qassem Soleimani, ser morto em um ataque de um drone dos EUA em Bagdá em 3 de janeiro. O Irã retaliou seis dias depois lançando mísseis contra bases do Iraque que abrigavam tropas norte-americanas.
Apesar do lançamento, analistas disseram que Teerã e Washington não buscarão uma guerra convencional.
Esta é uma guerra psicológica para mandar um recado e dizer ao adversário que ‘estamos prontos para deter qualquer ofensiva'”, disse Hisham Jaber, general de brigada aposentado do Exército libanês e analista, à Reuters.
Fonte: Agência Brasil / Reuters