Neste sábado (01/07), a Igreja Presbiteriana de Manaus (IPManaus) reúne uma equipe de profissionais das áreas de Psicologia e Psiquiatria para fazer um alerta à juventude sobre as causas do suicídio e suas formas de prevenção. Com entrada franca, a palestra “Além da dor – Suicídio” encerra uma série de três palestras sobre problemas emocionais que atingem cada vez mais a vida do jovem. O evento inicia às 19h30 no Espaço Pedras Vivas, localizado na av. Pedro Teixeira, 2650, Chapada.
De acordo com levantamento da Associação Amazonense de Psiquiatria (AAP), Manaus é a nona capital do País em número de casos de suicídio, sendo que 96% dos registros é resultado de transtornos de humor (35%), transtornos por uso de álcool e outras drogas (22%) e transtornos de personalidade (11,6%). A média entre o gênero masculino é de oito suicídios a cada 100 mil homens. Já entre as mulheres manauaras, a média é de dois casos em um grupo de 100 mil. No entanto, os números são considerados defasados pela AAP em razão da subnotificação de casos.
Na avaliação dos profissionais convidados para a palestra, o estilo de vida estressante e intenso das pessoas tem contribuído para o desenvolvimento das doenças emocionais percebidas na sociedade e para o crescimento dos casos de suicídio. Tais sintomas também são identificados nas organizações eclesiásticas, que exercem papel fundamental enquanto rede de apoio.
Segundo a psiquiatra Alessandra Pereira, a igreja é um ambiente propício para a difusão de informações sobre o assunto. “A prevenção do suicídio inicia em casa, nas escolas e também nas igrejas, tendo-se a liberdade de abordar o tema abertamente. É importante não encarar o suicídio como falta de fé, mas como uma oportunidade de oferecer ajuda e apoio na busca de profissionais especializados”, destaca Alessandra. A especialista também afirma que na igreja há a oportunidade da identificação precoce e intervenção em pessoas com sintomas depressivos.
Para a psicóloga Julie Amaral, a juventude está cada vez mais exposta a algum tipo de doença psicológica, devido ao forte comprometimento nas interações de fatores sociais, psicológicos e aos crescentes eventos adversos na vida do jovem. “A igreja pode expandir o entendimento dos membros, a fim de diminuir os estigmas, que são a principal fonte de afastamento das pessoas”, ressalta a palestrante.
Em 12 anos, a taxa de suicídios na população brasileira de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes, em 2002, para 5,6 em 2014, conforme o Mapa da Violência 2017. O estudo é publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM). Mas os Centros de Valorização da Vida informam que os principais grupos de risco do suicídio são compostos por jovens entre 14 e 30 anos e idosos acima de 65.
Indícios no comportamento
A maioria das pessoas com pensamentos suicidas falam ou dão sinais sobre suas ideias de morte. Elas são movidas por um forte sentimento de que viver se tornou um fardo muito pesado e angustiante e veem a morte como única saída. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida.
“As pessoas que vêm para a igreja não são diferentes das demais, no sentido de que também são atingidas pelas pressões, incertezas, medos e demais fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças emocionais. Tenho certeza que é necessário e urgente que a igreja não se furte a discutir esse assunto”, pondera o psicólogo Antonio Marinho, que estará presente no encontro.
Saiba mais
Aproximadamente um milhão de pessoas cometem autoextermínio por ano, o que equivale a 1,4% dos óbitos no mundo, segundo dados da OMS.
Com informações da assessoria