HUMAITÁ, AMAZONAS — Não há luzes à vista, mas o céu noturno tem um brilho amarelo tênue, porque a Amazônia está em chamas.
O cheiro é de churrasco, de brasas de madeira queimando. Durante o dia, o sol, normalmente tão intenso nestas partes, é ofuscado pela fumaça cinza densa.
Nos últimos sete dias, a Reuters percorreu diversas vezes um trecho de 30 quilômetros de Humaitá a Labrea, ao longo da rodovia Transamazônica, e viu um incêndio abrir caminho pela floresta.
Nuvens de fumaça de queimada (22/08) em uma área da floresta amazônica perto de Porto Velho, Estado de Rondônia. De acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os incêndios na Amazônia respondem por 65,1% do total registrado em agosto no país Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Imagem de satélite obtida em 21 de agosto de 2019, cortesia da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), mostra a fumaça de vários incêndios nos estados brasileiros do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia em chamas. O NOAA é uma instituição governamental que faz parte do Departamento de Comércio dos Estados Unidos Foto: HO / AFP
Imagem do dia 18 de agosto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra a fumaça em área de floresta no entorno do Rio Purus, em amarelo, entre Canutama e Lábrea (AM). Toda a imagem em cor azulada é devido à fumaça de queimadas Foto: INPE / Agência O Globo
Essa imagem do INPE (18/08) mostra a queimada em outro ponto de Canutama, Amazonas, às margens da Rodovia Transamazônica, próximo ao seu fim em Lábrea. Toda a àrea em tom azulado é devido a fumaça das queimadas. A Rodovia, sem pavimentação, em cor laranja. Floresta em verde escuro. Desmatamentos em verde e marrom claros. À direita da imagem, em azul, corre de Sul a Norte o Rio Mucuim, afluente do Rio Purus Foto: Agência O Globo
Mata incendiada no entorno de Porto Velho, Rondônia. Segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia concentra mais da metade (52,5%) dos focos de queimadas de 2019 no Brasil Foto: UESLEI MARCELINO / REUTER
A Floresta quase desaparece com a fumaça das queimadas em área de floresta no entorno de Porto Velho (RO). O número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2018, de janeiro a 18 de agosto Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
No meio da floresta amazônica, perto de Porto Velho, fumaça de foco de incêndio Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Foto do dia 16 de agosto mostra cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, encoberta pela fumaça dos incêndios na região de mata Foto: Roni Carvalho/Diário da Amazônia / Agência O Globo
Outra foto do dia 16 de agosto mostra os prédios encobertos pela fumaça das queimadas na região de mata no entorno de Porto Velho (RO) Foto: Roni Carvalho/Diário da Amazônia / Agência O Globo
O horizonte da cidade de Porto Velho (RO) encoberto pela fumaça das queimadas na mata Foto: Roni Carvalho/Diário da Amazônia / Agência O Globo
A revolta global agitou as redes sociais, e a hashtag #PrayforAmazonas foi o principal tópico do mundo no Twitter na quarta-feira.
A Reuters observou colunas de fumaça emanando da floresta e chegando a dezenas de metros de altura durante uma viagem de final de semana ao sul do Amazonas e ao norte de Rondônia.
“Tudo que você vê é fumaça”, disse Thiago Parintintin, de 22 anos, que mora em uma reserva indígena a pouca distância da Transamazônica, apontando para o horizonte.
Um caminhão amarelo com o logotipo dos bombeiros encarregados de combater incêndios florestais acabava de passar.
Parintintin culpa o desenvolvimento crescente da Amazônia pela chegada da agricultura e do desmatamento, que resultam na elevação das temperaturas durante a estação seca.
Do céu, os incêndios variam de pequenos focos a conflagrações maiores do que um campo de futebol. Às vezes, a fumaça é tão espessa que a própria floresta parece ter desaparecido.
Fonte: O Globo