O governo do Amazonas reiniciou, hoje (26), o atendimento a pacientes com a covid-19 no Hospital Nilton Lins, em Manaus. Considerada referência para atendimento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, a unidade receberá pacientes com quadros moderados e leves da doença.
Segundo o governador do estado, Wilson Lima, a reabertura tem como objetivo desafogar outros estabelecimentos de saúde. O aumento no número de casos da covid-19 em todo o estado fez lotar hospitais e forçou o governo estadual e o Ministério da Saúde a transferir pacientes para outras unidades da federação.
O Nilton Lins tem 80 leitos clínicos e 22 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Inicialmente, ele atenderá até 30 pacientes encaminhados de unidades de urgência e emergência. A secretaria estadual de Saúde promete ampliar o atendimento à medida em que a oferta de oxigênio hospitalar for equacionada. “Um dos grandes problemas que tínhamos aqui era a questão do oxigênio. Ontem, foi realizado este abastecimento, o que nos dá uma tranquilidade quanto ao funcionamento desta unidade hospitalar”, disse Lima.
Além de receber parte do produto que a White Martins produz em sua fábrica em Manaus e do que é transportado de outros estados, o Hospital Delphina Aziz também recebeu duas das sete usinas geradoras de oxigênio medicinal que o Ministério da Saúde doou ao estado. Cada um dos equipamentos tem capacidade de produzir 26m³ de oxigênio por hora, o que, segundo o governo estadual, é suficiente para atender ao menos uma enfermaria de campanha.
Em 2020, o Nilton Lins chegou a funcionar por quase três meses atendendo exclusivamente pacientes com a covid-19. A secretaria estadual de Saúde o desativou no início de julho, devido a redução do número de internações e óbitos pelo novo coronavírus. Na ocasião, o hospital contava com 148 leitos, sendo 108 leitos clínicos e 40 de UTI. 59 dos leitos Nilton Lins eram destinados ao atendimento exclusivo a pacientes indígenas.
Nova enfermaria
O governo estadual também anunciou o início do funcionamento da enfermaria de campanha que o Exército montou na área externa do Hospital Delphina Aziz a partir desta quarta-feira (27). A enfermaria contará com 50 leitos clínicos e, segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que está em Manaus desde o último fim de semana, segue o modelo preconizado pelo SUS. “É uma enfermaria que está anexada, ligada ao hospital, e isso numa velocidade que realmente impressiona, que vai fazer com que possamos receber os pacientes e dar um melhor atendimento e salvar mais vidas”, acrescentou Pazuello.
Hoje, ao participar da cerimônia de reabertura do Hospital Nilton Lins para atendimento de pacientes com a covid-19, o ministro voltou a mencionar os problemas que, segundo ele, dificultam o enfrentamento à pandemia, entre eles a dificuldade para transportar produtos de extrema necessidade para a região amazônica em curto espaço de tempo. “São gargalos de décadas. Temos problemas com o abastecimento de oxigênio; de quantitativo de leitos; com [o número de] profissionais, de recursos humanos; a deficiência na atenção básica, que é comum em Manaus já há muitos anos. E temos estes problemas agravados pela situação epidemiológica que encontramos no Amazonas”, disse o ministro, referindo-se ao aumento da doença logo após as festas do fim de ano. “Tivemos um salto da contaminação logo no início de janeiro, triplicando o número de contaminados. Isto foi uma situação desconhecida para todo mundo. Foi muito rápido.”
De acordo com o boletim epidemiológico que a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas divulgou ontem, o estado já contabiliza 250.935 casos confirmados da doença desde que a presença do novo coronavírus no Brasil foi identificada, no fim de fevereiro de 2020. Neste período, ao menos 7.232 perderam a vida em decorrência da covid-19. Só em Manaus, no domingo, foram registrados 82 sepultamentos associados à doença.
A lotação de hospitais já obrigou os governos estadual e federal a transferir para outros estados 277 pessoas que estavam em tratamento contra a covid-19. Provenientes de Manaus (268), Tabatinga (3) e Parintins (6), estas pessoas estão sendo transportadas em aeronaves militares e recebidas em hospitais universitários federais de 11 estados além do Distrito Federal. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 20 destas pessoas já receberam alta médica.
Fonte: Agência Brasil