Homenagens do poder público ignoram reivindicação de povos indígenas

Uma gafe foi repetida sistematicamente nas homenagens que o poder público, em diversas esferas, fez nesta terça-feira (19) pela passagem do Dia dos Povos Indígenas. Ignorando que os homenageados já não mais aceitam a denominação “Dia do Índio”, as homenagens invariavelmente repetiram a nomenclatura rechaçada pelos povos celebrados. Enquanto isso, nas redes sociais, lideranças indígenas se esforçavam para explicar por que a antiga designação da data deve cair no desuso.

RESSIGNIFICANDO

“Hoje é dia de riscar do vocabulário ‘Dia do Índio’ e ressignificar com ‘Dia da Resistência dos Povos Indígenas’. Amanheci feliz sabendo que amigos professores estão tendo posicionamentos consistentes em sala de aula, lembrando desta data de maneira correta, longe de fantasias”, postou o líder indígena Sam Luz.

REPRODUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS

Em um vídeo também postado nas redes sociais, várias lideranças indígenas explicam o porquê da troca de nomenclatura. “O problema com esse nome e data é que ele relativiza toda a diversidade dos nossos povos a um só. E ainda usa termos pejorativos e estereotipados que recriminam a nossa identidade até hoje”, explica a ativista Sam Sateremawe. Trocando em miúdos, não há como existir um “Dia do índio” simplesmente porque não existe essa categoria “o índio”, e sim povos indígenas.

TROCA DE NOME TRAMITA NO CONGRESSO

Um Projeto de Lei da deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR), primeira mulher indígena a se eleger para o cargo, tramita no Congresso Nacional para mudar a nomenclatura do “Dia do Índio” para “Dia dos Povos Indígenas”. “Falta aprovar no Senado. É preciso valorizar a diversidade dos povos indígenas do Brasil”, postou a deputada em uma rede social, também por ocasião da data comemorativa.

CEMITÉRIO PIONEIRO

Dentre as comemorações do Dia dos Povos Indígenas, a Prefeitura de Manaus inovou ao entregar o primeiro cemitério indígena urbano do Brasil “Yane Ambiratá Rendáwa Bara Upé”, localizado no cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã. O espaço conta com 216 gavetas em cada um dos cinco módulos, totalizando 1.080 espaços no campo-santo. O prefeito David Almeida (Avante) declarou seu reconhecimento pela importância da ancestralidade indígena na formação da população de Manaus.

ALMOÇO NA CASA DE OMAR

Está marcado para esta quarta-feira (19) um almoço na residência brasiliense do líder da bancada do Amazonas no Congresso Nacional, senador Omar Aziz (PSD). A ideia é reunir os parlamentares amazonenses para discutir que medida jurídica tomar para reverter a redução linear do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em todo o Brasil, que é tão prejudicial à Zona Franca de Manaus (ZFM). Resta saber se o cardápio do almoço vai ser o mesmo servido às segundas-feiras ao G7, durante a CPI da Covid no Senado: bacalhau.

CRIANDO POEIRA

O vereador Amom Mandel (Cidadania) tem reclamado que seus projetos propostos em 2021 têm ficado engavetados na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Nesta terça-feira (19), a assessoria do vereador emitiu material informativo dando conta de que, dentre os 20 projetos que foram apresentados no ano passado e não evoluem na tramitação, está um que que proíbe que as empresas concessionárias Amazonas Energia e Águas de Manaus realizem o corte dos serviços durante os finais de semana. Segundo Amom, o projeto está há oito meses aguardando parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCRJ).

PESAR

Muito amigo da família, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) foi um dos que manifestaram pesar pelo falecimento da magistrada aposentada Marlídice de Souza Carpinteiro Péres, esposa do falecido ex-senador Jefferson Péres, morto em 2008. Marlídice morreu da mesma forma que o esposo: de infarto fulminante nas primeiras horas da manhã. “Marlídice era uma amiga querida e completaria 74 anos na próxima terça-feira, 26. De personalidade marcante, ela foi uma defensora da ética na política e de uma sociedade mais igualitária. Vá em paz, minha amiga”, postou Serafim.