Homenagens, criatividade e emoção marcam desfile das escolas de samba dos grupos A e B

O desfile das Escolas de Samba dos Grupos de Acesso A e B, que aquece o público para a apresentação das agremiações do grupo Especial, mostrou muito comprometimento e garra das comunidades que se organizam para desfilar na passarela do samba, do Centro de Convenções Professor Gilberto Mestrinho, popularmente conhecido como Sambódromo, no Dom Pedro, zona Centro-Oeste.

As escolas de samba dos grupos “A”, “B”, “C” e Especial que participarão do Desfile Oficial das Escolas de Samba do Carnaval 2019, contam com apoio financeiro da Prefeitura de Manaus, por meio de edital de chamamento público nº 001/2019, lançado por intermédio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).

Nas primeiras horas deste sábado, 2/3, o Sambódromo de Manaus foi tomado pela animação do Grupo de Acesso A. Sete escolas que disputam uma vaga no Grupo Especial contaram e cantaram histórias durante 40 minutos. O momento mais emocionante foi registrado no encerramento, com o público torcendo e ajudando a Sem Compromisso que teve dois carros quebrados e atrasou o desfile em 8 minutos.

Ressaltando a importância da preservação da fauna e da flora e, as tradicionais atividades que caracterizam a cultura da região Norte, a primeira escola a se apresentar, Mocidade Independente do Coroado, trouxe para a avenida do Samba o tema “Filha de um rio de águas brancas, Tapauá – A linda flor deste imenso Brasil”.

Em seguida, foi à vez da Dragões do Império, que este ano, homenageou o paulista e empresário, Sandro Putnoki, com o tema “Sandro Putnoki, O Perreché do Brasil”. Apaixonado pela Amazônia, Purnoki virou visitante assíduo da região norte e defensor das causas em prol do meio ambiente, consciência e responsabilidade ecológica. A primeira ala veio fazendo a ponte com o sudeste com o tema “Na Terra da Garoa”, homenageando a primeira parte da história do empresário. Em seguida, a escola trouxe para a avenida o Norte com a ala “No Amazonas desembarquei, em seus rios singrei e por esse lugar me apaixonei”, enfatizando a paixão de Putnoki pela região amazônica.

“Poucas pessoas têm a chance de ser homenageado em uma passarela tão tradicional e tão linda como esta. É emocionante! Sinto-me privilegiado por isto, por essas pessoas, por essa comunidade que compõe essa escola. Há vinte anos eu conheci esse território e me apaixonei por suas belezas e encanto, e luto pela preservação deste lugar, assim como pela valorização da cultura”, ressaltou o homenageado, Sandro Putnoki.

A terceira escola a colorir a passarela do samba foi a Acadêmicos da Cidade Alta com o tema “Vai começar o arrasta-pé pra contar a história de José de Arimatea”, diretor da Liga Independente do Festival Folclórico do Amazonas. A agremiação fez uma viagem pelas origens das danças do folclore popular, trazendo em suas primeiras alas e alegorias, representações de ciranda, candomblé, cangaço. A escola relembrou ainda a história do homenageado, que construiu carreira na Polícia Militar do Amazonas e na área de enfermagem.

Homenageando Óbidos, um dos municípios do estado do Pará, a Escola de Samba Unidos da Cidade Nova, trouxe para a avenida o tema “Óbidos: A Sentinela da Amazônia”, terra de ingredientes de aventura, história e natureza. Com composição étnica e cultural bastante miscigenada, a cidade possui uma forte influência portuguesa e indígena. Em suas alas, a história e os pontos turísticos de Óbidos, como a Praça de Santana, além de levar para a avenida, fantasias com as profissões de pipoqueiros, boleiros e comerciantes de comidas típicas da cidade.

Entrando na avenida às 2h40, a escola de samba Beija Flor do Norte,  trouxe o tema “De pai para filho: o DNA do samba caboclo no sangue da Beija-flor do Norte”, reverenciando o talento e poesia de Edu do Banjo e Dudu Brasil, pai e filho, que carregam no sangue não só a ligação familiar, mas também a essência da música popular brasileira, em especial, o samba de raiz. Além da homenagem aos sambistas, a escola abriu espaço para a voz forte da talentosa Neli Miranda, única intérprete feminina amazonense. Revivendo em cores, ritmo e alegria, as alas compartilharam a história de vida dos grandes nomes do samba da região Norte, além de contar com a presença do cantor e compositor amazonense Chico da Silva na ala da diretoria.

Penúltima escola a desfilar na avenida, a Balaku Blaku misturou a alegria do Carnaval com a importância dos cuidados com a saúde e manutenção do bem-estar, com o tema “Samel e a suprema arte de curar: da ancestralidade a medicina nuclear”. O hospital de rede privada, que tem mais de 30 anos de fundação na capital, foi homenageado por meio da história do conhecimento milenar das práticas medicinais de cura até as avançadas técnicas atuais. A ala das baianas passou deixando um cheirinho de incenso encantador no ar.

A Sem Compromisso, última a desfilar, rendeu-se à magia do Rock e trouxe para a avenida o enredo “Força, garra, magia e feitiço. É dia de Rock na Sem Compromisso”. A ousadia inspirada na banda Kiss e em outras bandas clássicas do ritmo como Rolling Stones permeou a comissão de frente, que caprichou na maquiagem, e as alas, que fizeram uma viagem aos grandes momentos do universo do rock, pop e metal.

O carro principal chegou a parar no meio do desfile por alguns minutos, voltou a andar e contou com a vibração do público presente. No entanto, não conseguiu completar o desfile a tempo e a escola passou 8 minutos do tempo determinado. O segundo carro também atravessou a avenida do samba com dificuldades e comoveu a torcida. “Infelizmente imprevistos acontecem. A escola estava bem arrumada, organizada tecnicamente, no enredo, nos brincantes, em tudo, só que aconteceu esse imprevisto, mas a gente vai superar”, afirmou o presidente da agremiação, Jimmy Lins, ainda emocionado ao final da apresentação, juntamente com os brincantes que deixaram o local chorando.

Grupo de Acesso B

As cinco primeiras escolas a passarem pela passarela do samba na noite desta sexta-feira, 1/3, no Sambódromo, mostraram muita garra, dedicação e capricho nas fantasias durante o segundo dia do Desfile das Escolas de Samba de Manaus. O desfile iniciou na quinta-feira, 28/2, com as escolas do grupo C. Pelo Grupo de Acesso B, até meia noite, as agremiações Tradição Leste, Unidos do Coophasa, Mocidade Independente da Raiz, Império do Havaí e Presidente Vargas, mostrando que o Carnaval se faz com o apoio da comunidade. Até às 4h, outras sete escolas do Grupo A se apresentaram na avenida.

A Tradição Leste abriu o desfile cantando na avenida “A saga de um brasileiro pela Amazônia: A bronca agora é com a tradição”, apresentando a história do jornalista e governador do Amazonas, Wilson Lima. O enredo revela a saga dos brasileiros que, como o homenageado, decidiram investir a vida na Amazônia. A escola, detentora do título de campeã 2018 do grupo de acesso C, completa 11 anos este ano.

Em seguida, foi a vez do Unidos do Coophasa assumir a avenida do Sambódromo e atrair a atenção do público exibindo suas cores azul e branco com o enredo “Uma filha, uma ancestral, Salúba mãe Ray de Nanã”. Completando 43 anos de tradição, a escola relembrou as origens do candomblé, religião de matriz africana, e seus orixás.

“Essa é a minha segunda vez como baiana. Tenho 40 anos só de Carnaval. Hoje estou aqui com a minha irmã e também desfilamos pela escola Vitória Régia desde 1979. Gostamos muito de desfilar nas escolas”, informou a “baiana”, Terezinha Soares.

Celebrando com alegria o enredo “Balada na floresta, os animais estão em festa”, a Mocidade Independente da Raiz entoou o samba “Minha raiz está em festa” com muita emoção. Durante o momento de concentração da escola, a rainha de bateria Tamires Carvalho esbanjava simpatia, enquanto ensaiava o momento de brilhar no desfile. “Esse é o meu primeiro ano como rainha de bateria na Mocidade Independente da Raiz, mas já saí em outras escolas também como rainha de bateria. Eu gosto muito do Carnaval por causa do samba, da festa e da energia do povo. Meu noivo, minha mãe e minha irmã, que é porta-bandeira da escola, vieram me prestigiar”, disse.

Fundada em 10 de outubro de 1983, a Império do Havaí trouxe como tema “Meu País Tropical”. Durante o desfile, as alas da escola foram tomadas por figurinos que representavam desde a fauna e a flora brasileiras, como o clima do País e até mesmo o movimento musical Tropicália, surgido em 1967, que misturava estilos musicais e críticas ao governo da época.

Por volta de 23h20, a Presidente Vargas, última a se apresentar pelo Grupo de Acesso B, manteve a energia dos foliões e o pensamento de que a festa só estava começando. Cantando o enredo “O Soldado Inabalável, Vestido com as Armas de Jorge. Carliomar Brandão, hoje Minha Águia te Dedica o Pavilhão!”, a escola prestou homenagem ao policial militar do Estado, Carliomar Brandão.

Durante a finalização das escolas do Grupo de Acesso B, as agremiações do Grupo de Acesso A já se concentravam aguardando a entrada da primeira agremiação do grupo, prevista para 23h55, dando continuidade às apresentações até a madrugada deste sábado, 2/3.

Serviços

A folia carnavalesca também contou com o esquema operacional garantido pela Prefeitura de Manaus, por meio de agentes de trânsito, limpeza, assistência social, saúde e fiscalização de comércios. As escolas dos grupos de acesso ‘C’ deram início na última quinta-feira, 28/2, ao desfile oficial de carnaval no Sambódromo de Manaus. Durante os dois primeiros dias de evento, o município garantiu equipes de vários órgãos para atender à população que esteve no local para festejar com segurança, entre eles o “Bloco da Limpeza”, liderado pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp).

A Vigilância Sanitária de Manaus (Visa Manaus), também esteve atuando na orientação dos vendedores quanto a práticas saudáveis de manipulação dos alimentos, assim como agentes de fiscalização no trânsito que estiveram nas avenidas adjacentes para garantir a fluidez, ordenamento dos veículos e garantir a segurança dos pedestres.