Hipertensão arterial merece atenção redobrada durante pandemia

Além de estar relacionada ao aumento das complicações da Covid-19, pressão alta está associada às principais causas de mortes no Brasil

O dia parece seguir sem nenhuma intercorrência nas atividades cotidianas e, do nada, eis a surpresa. Os sintomas são clássicos: tonteira, dor de cabeça, desmaio, sensação de pressão ou aperto no peito/cabeça e sangramento nasal. Por ser tão popular entre os brasileiros, muitos não hesitam em concluir que se trata dela: a hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta.

 

Neste domingo, 26 de abril, é o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hipertensão, doença silenciosa que mata cerca de 830 pessoas por dia, 300 mil por ano, de acordo com dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Em tempos de pandemia, a prevenção e cuidados com esta doença devem ser ainda maiores, pois os hipertensos estão entre os principais pacientes que podem sofrer complicações pelo coronavírus.

 

De acordo com médico cirurgião cardiovascular do Hapvida Saúde, Luiz Saraiva, a quantidade de pessoas que sofrem de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é enorme e vem se duplicando ao longo dos anos. “Estima-se que existem mais de 1 bilhão de pessoas acometidas pela doença. Isso é alarmante. A HAS é o principal fator de risco para os acidentes cerebrovasculares e infartos, e essas duas doenças matam em média 7,5

milhões de pessoas por ano”, alerta.

A HAS é uma é uma doença crônica degenerativa multifatorial caracterizada pelo aumento dos níveis pressóricos acima de 135/85 mmhg e de caráter sustentado, segundo o médico. E uma das maiores preocupações dos profissionais de saúde é que a maioria dos casos de HAS são assintomáticos na fase inicial. “As complicações da doença dependem dos órgãos atingidos; a princípio a HAS pode acometer quase todos os órgãos do corpo, sendo assim pode levar a insuficiência renal, cegueira total ou parcial, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, entre outros”, complementa

Luiz.

 

Efeitos neurológicos

 

Segundo Saraiva, diversos estudos provaram uma relação positiva entre

demência e HAS. “Várias teorias tentam explicar essa relação. Em teoria, a HAS levaria a microinfartos cerebrais ao longo de anos, e estes podem levar à demência”, pondera o médico. O tratamento da hipertensão arterial tem o objetivo de normalizar os valores pressóricos. “Isso deve ser obtido através de um tripé: terapia medicamentosa, alimentação e melhora dos hábitos diários como início de atividade física, abandono do cigarro, etc”, complementa.

A faixa etária com a maior incidência de pressão arterial é a dos idosos, porque neles ocorre a diminuição da capacidade de elasticidade das artérias (endurecimento arterial) devido ao processo de aterosclerose. “Porém vale ressaltar que atualmente a HAS tem acometido pacientes cada vez mais jovens”, assegura Saraiva. A prevenção, de acordo com o médico, se resume a melhoria dos hábitos de vida. “Vale adotar uma alimentação saudável, controle do peso, moderação do consumo de álcool, interrupção do fumo, evitar momento de estresse e curtir momentos de prazer”, finaliza o especialista.

 

Os 10 mandamentos para prevenção e controle da Hipertensão Arterial

(Fonte: Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia)

 

1 – Meça a pressão pelo menos uma vez ao ano;

2 – Pratique atividades físicas todos os dias;

3 – Mantenha o peso ideal: evite a obesidade;

4 – Adote uma alimentação saudável: pouco sal, menos frituras e mais frutas, verduras

e legumes;

5 – Reduza o consumo de álcool, se possível, não beba;

6 – Abandone o cigarro;

7 – Nunca pare o tratamento: é para a vida toda;

8 – Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde;

9 – Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer;

10 – Ame e seja amado.