A Polícia Federal (PF) realiza, na manhã desta quinta-feira, em Manaus, mais uma etapa da Operação Sangria, cumprindo mandados de busca e apreensão na sede do Governo do Amazonas e em casas de servidores e ex-servidores, além de pessoas ligadas ao governado Wilson Lima (PSC), alvo da primeira etapa da operação que investiga fraudes e desvio de verbas na área da Saúde, com foco na compra superfaturada de ventiladores pulmonares em uma loja de vinhos.
O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) cumprem também mandados de prisão temporária contra cinco pessoas, além de buscas e apreensões contra seis investigados na Operação Sangria. Funcionários da Controladoria Geral da União (CGU) acompanham os policiais nos cumprimentos de mandados.
A segunda fase da operação aprofunda a apuração sobre uma organização criminosa instalada no governo do Amazonas, segundo a Procuradoria da República, liderada pelo governador, com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de covid-19. Os investigados são suspeitos de práticas como peculato, lavagem de dinheiro e também de promover a dispensa de licitação fora das hipóteses previstas em lei.
Provas reunidas na primeira fase da Sangria mostram que o governador Wilson Lima exercia domínio completo não apenas dos atos relativos à aquisição de respiradores para enfrentamento da pandemia, mas também das demais ações governamentais relacionadas à questão, no bojo das quais atos ilícitos teriam sido praticados.
Na peça enviada ao STJ, a subprocuradora-geral da República indica que o inquérito em curso investiga o direcionamento na contratação da empresa; sobrepreço e superfaturamento na aquisição dos respiradores; organização criminosa; lavagem de dinheiro; montagem de processos e adulteração de documentos, com a finalidade de encobrir os crimes praticados. Para Lindôra Araújo, há “uma verdadeira organização criminosa que se instalou na estrutura do governo do estado do Amazonas, com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de covid-19”.
O esquema de compra fraudulenta de 28 respiradores movimentou R$ 2,9 milhões, com envolvimento direto da cúpula do poder do estado. Um laudo pericial da PF atesta sobrepreço de R$ 133,67% na compra feita pela Secretaria de Saúde do estado com dispensa de licitação. Os respiradores foram fornecidos por empresa especializada no ramo de bebidas alcoólicas, denominada “Vineria Adega”. Em uma manobra conhecida como triangulação, uma outra empresa vendeu os respiradores à adega por R$ 2,4 milhões; essa, por sua vez, repassou os equipamentos ao governo do Amazonas por R$ 2,9 milhões. A suspeita de superfaturamento de R$ 496 mil foi registrada pela Controladoria-Geral da União, assim como o direcionamento da venda.
A PF ainda não revelou oficialmente os nomes de todos os alvos. A operação teve início ainda nas primeiras horas da manhã e faz parte de um desdobramento da Operação Sangria que apura desvio de verba pública da área da saúde no tocante a compra de respiradores superfaturados no início da pandemia do coronavírus.
Fonte: 18Horas