Alcance da medida, porém, é incerto, uma vez que a União Europeia planeja anunciar medidas contra o frango brasileiro.
O governo brasileiro suspendeu o auto embargo que havia imposto a unidades frigoríficas da BRF e liberou a produção e certificação sanitária de fábricas da empresa que exportam produtos de aves do Brasil para União Europeia, de acordo com despacho do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgado nesta quarta-feira (18).
Por volta das 14h45, as ações da companhia subiam acima de 8%, a R$ 22,82, na bolsa brasileira, enquanto o Ibovespa tinha acréscimo de 2,3%. Veja a cotação
“Fica autorizado o retorno da produção e da certificação sanitária das seguintes unidades da BRF S.A: SIFs: 1; 18; 103; 104; 292; 466, 928; 1001; 2014, e da SHB Comercio e Indústria de Alimentos S.A – SIF: 2518”, informou o ministério.
Em meados de março, o ministério interrompeu temporariamente a produção e certificação sanitária de 10 unidades da BRF que exportam do Brasil para a União Europeia, após a empresa ter sido alvo de uma nova fase da operação Carne Fraca da Polícia Federal.
O impacto da liberação na retomada das exportações dessas unidades, entretanto, é incerto, uma vez que a União Europeia está planejando bloquear as exportações de unidades exportadoras da BRF e de outras plantas brasileiras para o bloco comercial, segundo disse na véspera o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
“A expectativa é que a Comissão Europeia inicie votação prevista de deslistamento das empresas, ainda nesta quarta-feira – processo que pode demorar dias para ser oficializado (publicado). Após isto, as unidades ficam impedidas de exportar ao bloco econômico”, explicou o ministério, em nota.
Antes mesmo da confirmação das restrições, o Maggi anunciou na véspera que recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o movimento da União Europeia.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Rangel, “com o sinal da UE para deslistamento (exclusão da lista das plantas autorizadas) desses abatedouros, e não tendo motivos técnicos para manter a suspensão, levantamos a medida”.
Entenda a crise
A polêmica sobre as exportações de frango do Brasil, maior exportador global do produto, com divisas geradas para o país de mais de US$ 7 bilhões em 2017, surgiu depois que a Polícia Federal implicou a BRF em uma nova fase da operação Carne Fraca, alegando que a companhia buscava burlar os padrões de segurança alimentar.
Maggi afirmou que não há evidências, no entanto, de problemas com as condições sanitárias do frango brasileiro.
Uma suspensão auto-imposta sobre as exportações de carne de frango da BRF para a UE 30 dias atrás afetou 10 das 35 plantas da BRF no Brasil. A BRF se recusou a comentar.
O Brasil vendeu US$ 317 milhões em frango salgado in natura para a UE no ano passado e US$ 118 milhões em frango in natura sem sal, para o qual a cota permitida é de 21.600 toneladas sem tarifas, segundo uma apresentação do ministro.
Maior exportadora global de carne de frango, a BRF possui mais de 50 fábricas em 8 países e atua em mais de 150 países. No ano, os papéis da companhia queda de mais de 30% na Bovespa. Em valor de mercado, a companhia encolheu mais R$ 10 bilhões neste ano. Segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica, a empresa valia na bolsa R$ 18,78 bilhões no fechamento do dia 3 de abril ante máxima de R$ 54,5 bilhões no final de 2014.
Fonte: G1