O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) vai destinar R$ 5 milhões para a segunda fase da pesquisa com a nitazoxanida, para avaliar a eficácia desse antiparasitário em pacientes com sintomas leves da covid-19. O medicamento começou a ser testado em pessoas no mês passado, após ter apresentado 94% de eficácia em ensaios in vitro na redução da carga viral em células infectadas pelo novo coronavírus.
Na primeira fase, estão sendo testados 500 pacientes positivos para a covid-19, com sintomas de pneumonia como febre, tosse seca e as características da tomografia com vidro fosco. Na segunda fase, que deve começar ainda esta semana, participarão mais 500 pacientes com sintomas iniciais da doença. Ao todo, 17 hospitais em sete estados participam dos testes clínicos.
De acordo com o ministério, a nitazoxanida é um antiparasitário que pode agir em viroses e, no passado, já foi utilizado com sucesso contra o rotavírus. A droga é de baixo custo, tem poucos efeitos colaterais mas, agora, por segurança e para evitar uma corrida às farmácias, está classificado como remédio controlado.
“No momento que tivermos os resultados vamos ter certeza se funciona ou não [para covid-19]. A probabilidade maior é que funcione, dado o histórico da pesquisa. Mas é importante ter o resultado porque ele segue um protocolo científico”, explicou o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, em coletiva de imprensa, hoje (19), no Palácio do Planalto.
Novos investimentos
Os ensaios clínicos com a nitazoxanida são um dos projetos prioritários da RedeVírus MCTIC, programa responsável pela articulação dos laboratórios de pesquisa e especialistas na continuidade dos estudos do novo coronavírus. Os recursos para os testes são parte do montante de R$ 352,8 milhões em crédito extraordinário disponibilizados para a pasta por meio da Medida Provisória 962/2020, publicada no início deste mês.
“Essa rede de especialistas, pesquisadores e cientistas nos dão a direção, de forma científica, do que seguir, do que o país precisa”, disse o ministros, acrescentando que “recursos para ciência e tecnologia não são gastos, são investimentos com retorno garantido tanto em riquezas e conhecimento para o país, quanto em qualidade de vida para a população”.
Pontes apresentou como serão gastos os recursos e os projetos que receberão investimentos. Por meio da Telebras, o ministério vai usar R$ 6,3 milhões para instalação de 1 mil pontos de conexão à internet via satélite em unidades de saúde. No Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) serão investidos R$ 45 milhões para a realização de ensaios clínicos de fármacos, adequação de laboratórios e estruturação de unidades de biologia sintética, desenvolvimento de kits diagnósticos e triagem e reposicionamento de fármacos.
Por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, operado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o governo investirá R$ 150 milhões na chamada pública para o desenvolvimento de produtos nacionais, entre ventiladores pulmonares, testes e diagnósticos e máscaras e equipamentos de descontaminação, desinfecção e esterilização.
Há também R$ 20 milhões em recursos destinados a projetos de pesquisas de tratamentos, vacinas e sequenciamento do novo coronavírus e R$ 15 milhões para adequação de laboratórios no âmbito dos projetos apoiados pela RedeVírus MCTIC.
Outros R$ 111,5 milhões serão investidos, entre outras coisas, em 11 laboratórios de campanha, novas plataformas tecnológicas para vacinas, ensaio clínico com anticoagulantes, desenvolvimento de testes, aumento da capacidade de processamento de amostras e modelagem matemática para o controle descentralizado da pandemia da covid-19.
Marcos Pontes disse que o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acaba de lançar um diretório de fontes de informação científica de livre acesso sobre o novo coronavírus no mundo. A plataforma reúne ensaios clínicos, teses, dissertações, relatórios, evidências, dentre vários outros materiais nacionais e internacionais.
“Estamos tratando desse caso agora, com a pandemia de covid-19. Vai ser a última vez que vamos fazer isso? Não. Infelizmente, essa a questão não é se vamos ter ouro tipo de vírus, é quando vamos ter. Então, nós precisamos ter o país preparado para responder rapidamente a essas situações”, explicou.
Fonte: Agência Brasil