O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nesta quinta-feira (3) que é “natural” uma aproximação do serviço de inteligência do Brasil com seus pares dos Estados Unidos e de Israel.
Heleno deu a declaração durante entrevista a jornalistas após uma visita do presidente Jair Bolsonaro à secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fica subordinada ao GSI. O ministro foi questionado se haverá uma maior cooperação das autoridades brasileiras com a americanas e israelenses na área de inteligência.
Heleno afirmou que a cooperação deve ser ampliada de forma natural e que a atuação no Brasil na área “é compatível com a situação geral” no país em relação ao “terrorismo internacional”.
“Nós temos capacidades bem desenvolvidas em termos de inteligência, de troca de informações. A tendência, até pela evolução tecnológica dos equipamentos, é cada vez melhorar mais”, disse.
“Israel tem um grande conhecimento desse assunto por razões óbvias, então, a aproximação com Israel, a aproximação com os EUA, com esses países que têm esse campo de poder muito desenvolvido, é natural que aconteça. E vai acontecer também naturalmente”, completou Heleno.
Mudança de embaixada
Heleno foi questionado se o Brasil está preparado para eventuais represálias de muçulmanos caso se confirme a transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Heleno descartou eventuais ataques ao Brasil.
“Não vai chegar nesse ponto, não. Isso aí é um pensamento do presidente por enquanto. Se acontecer, vai acontecer com precaução e mostrando à comunidade árabe que isso não é nenhuma preocupação. É natural, por que quem disse que a capital era Jerusalém foram os próprios israelenses”, disse o ministro.
Segundo Heleno, a transferência exige a aquisição de um local para eventualmente receber a embaixada em Jerusalém, mas que a decisão não foi tomada em definitivo por Bolsonaro.
“Não houve ainda uma decisão de data, há uma intenção clara de que isso aconteça [a transferência]… O presidente ainda não disse publicamente, não deu publicamente essa decisão, a gente tem ouvido que ele tem essa intenção”, declarou.
Bolsonaro já divulgou a intenção de realizar a transferência, porém ainda não anunciou uma decisão oficial. Há o receio de represálias comerciais de países árabes, de religião muçulmana, que são grandes compradores de carne bovina e de aves do Brasil.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse após encontro recente com Bolsonaro que o presidente afirmou a ele que a transferência da embaixada era uma questão de “quando, não de se”.
Segurança de Bolsonaro
Bolsonaro visitou na tarde desta quinta as instalações da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI, localizada em um anexo próximo ao Palácio do Planalto.
Servidores do GSI disseram que Bolsonaro foi o primeiro presidente a visitar o espaço. O GSI responde pela segurança de Bolsonaro e de seus familiares.
Segundo o general Augusto Heleno, foi apresentada a Bolsonaro uma demonstração do trabalho do comboio presidencial e o que há de armamento e equipamento.
Heleno afirmou que não há medidas extras para a segurança do presidente. Bolsonaro recebeu uma facada no abdômen durante a campanha eleitoral e ainda utiliza uma bolsa de colostomia, que terá de ser retirada em uma cirurgia.
Escritório no Rio de Janeiro
O ministro do GSI informou que ainda não há data definida para a abertura do gabinete regional da Presidência da República no Rio de Janeiro, cidade onde fica a residência da família Bolsonaro.
Decreto publicado no “Diário Oficial da União” prevê a mudança do gabinete regional de São Paulo para o Rio.
O gabinete regional foi criado em 2007 para dar apoio administrativo e operacional ao presidente e ministros na cidade de São Paulo.
‘Guru’
Chamado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de “guru” dentro do novo governo, Heleno rejeitou o rótulo durante a entrevista.
“Apaga esse negócio de guru, o último guru está entrando em cana, o João de Deus”, disse.
O médium João de Deus está preso desde dezembro, suspeito de abusos sexuais durante tratamentos espirituais.
Fonte: G1