Tradição que mistura religioso com o boi-bumbá, celebrando o amor em meio à festa popular
O boi-Bumbá Garantido promoveu na noite desta terça-feira, 12 de junho, a tradicional homenagem a Santo Antônio, o Santo casamenteiro. Uma multidão saiu às ruas da Baixa do São José para ver o maior campeão da cidade dançar ao redor das fogueiras e distribuir rosas aos casais, em retribuição pelo carinho dos torcedores que enfeitaram suas casas para a festa vermelha e branca, que há décadas é realizada, em Parintins, no Dia dos Namorados.
O público não parou um só momento. Em cima do trio elétrico “Pavulagem”, a animação contou com as vozes de Israel Paulain, David Assyag, Bruno Costa, entre outros toadeiros, que embalaram a galera encarnada com as melhores toadas do Festival de Parintins. No chão, um mar vermelho vibrava com o ritmo, cadência e tradição da Batucada.
O cortejo festivo saiu do curral tradicional da Baixa, seguiu pela rua Lindolfo Monteverde, rua Armando Prado, rua Senador Álvaro Mais e avenida Amazonas com chegada na catedral de Nossa Senhora do Carmo, mantendo a tradição, como ensinou Lindolfo.
O presidente Fred Góes, comandou o festejo e entregou rosas vermelhas para os enamorados, ao lado do boi Garantido, reafirmando que essa tradição jamais será esquecida, uma vez que a saída nas ruas representa a origem, a raiz do que hoje se tornou o Festival de Parintins.
“Então, é uma obrigação nossa. Nós que sabemos como tudo isso começou e não podemos deixar morrer de forma alguma. Estamos em um processo, hoje, de resgatar tudo em relação a tradição do Boi. A tradição do Boi é essa. Ninguém pode inventar nada. Existe uma coisa natural que é você ir para as ruas e lembrar os tempos da lamparina, com todas as condições que a gente tem hoje da modernidade, mas com sentimento, com o coração bem aberto para essa coisa maravilhosa que é a relação das pessoas, em um processo coletivo onde não tem diferença: aqui não tem pobre, não tem rico, não tem nada disso. Tem torcedor do Garantido, tem brincante de boi, aquele que ainda continua acreditando na sua alma de criança”, afirmou Fred.
O empresário Antônio Faria, filho da eterna madrinha do Garantido, Maria Ângela Faria, foi um dos que receberam uma rosa e se declarou emocionado.
“A palavra é emoção. Só essa. Muita emoção e gratidão por amar esse boi, poder participar dessa festa linda e que dure muito”, disse Antônio.
Ladainha
Na primeira parte da programação, a filha de mestre Lindolfo Monteverde, criador do Boi Garantido, Maria do Carmo Monteverde, comandou a ladainha a Santo Antônio, ao lado de um grupo de senhoras e senhores da tradição da Baixa, numa demonstração de fé e religiosidade, um momento que carrega grande valor teológico e simbólico das rezas e cânticos em latim. A reza da ladainha é realizada sempre no curral tradicional da Baixa do São José.
De acordo com o neto de Lindolfo Monteverde, Dé Monteverde, a tradição que vem da Baixa do São José com forte ligação na cultura do boi-bumbá Garantido, se entrelaça com a religiosidade, uma das marcas dos torcedores tradicionais que se ascende a cada ano com o pagamento da promessa feita por Lindolfo, sempre com momentos de oração e devoção religiosa.
“A ladainha representa muito para a família porque é uma das tradições. Apesar da grandiosidade do Boi, do Festival de Parintins, mas as nossas raízes, a tradição do Boi-Bumbá Garantido a gente preserva, de forma que essa memória do nosso avô a gente dá continuidade”, afirmou Dé Monteverde.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Boi Garantido
Fotos: Paulo Sicsú