A reunião de cúpula do G20, marcada para os próximos dias, decidirá sobre uma das propostas mais ambiciosas da presidência brasileira no grupo: a taxação de super-ricos. Os líderes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, discutirão como essa medida pode ser uma fonte de financiamento para combater a desigualdade e enfrentar as mudanças climáticas. A proposta, defendida pelo Brasil desde fevereiro, visa instituir um imposto de 2% sobre a renda dos bilionários, com uma arrecadação anual de até US$ 250 bilhões, segundo estimativas do economista Gabriel Zucman.
Proposta de taxação de super-ricos ganha apoio internacional
A proposta do Brasil tem ganhado força desde sua apresentação, com diversos países apoiando a medida. Entre eles estão a França, Espanha, Colômbia, Bélgica e a União Africana. Entretanto, a ideia ainda encontra resistência de potências como os Estados Unidos e a Alemanha. De acordo com Zucman, a taxação afetaria apenas cerca de 3 mil indivíduos no mundo, sendo cerca de 100 bilionários localizados na América Latina. Se implementado, o imposto poderia gerar uma receita significativa para os países em desenvolvimento, especialmente no Brasil, onde um estudo da USP mostrou que a medida poderia arrecadar R$ 41,9 bilhões por ano.
Possíveis benefícios da taxação para o Brasil
No Brasil, a arrecadação desse imposto teria um impacto direto no combate à desigualdade social e no financiamento de políticas públicas essenciais, como o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental. A proposta, com potencial para triplicar o orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia e multiplicar por dez o do Ministério do Meio Ambiente, poderia dar um impulso significativo ao país na luta contra as mudanças climáticas. A medida também ajudaria a financiar ações contra a fome, um dos temas prioritários da presidência brasileira no G20.
Resistências e desafios à taxação global
Apesar dos avanços na discussão, a proposta ainda enfrenta desafios para alcançar um consenso global. Além das resistências de países desenvolvidos, a falta de um compromisso formal na reunião de fevereiro gerou incertezas quanto à implementação do imposto. No entanto, o Brasil tem intensificado as negociações para garantir um acordo até a reunião de cúpula de novembro, quando a decisão final será tomada. A contribuição de organizações da sociedade civil, através do G20 Social, também pode fortalecer o apoio à medida.
O Brasil segue empenhado em buscar apoio para a taxação dos super-ricos, que, se aprovada, pode representar um marco na luta global contra a desigualdade e as mudanças climáticas. A decisão final será tomada pelos líderes mundiais nos próximos dias, mas o debate sobre a taxação de grandes fortunas continua sendo um dos principais focos da presidência brasileira.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil