Os fogos de artifício com estampido, comuns em celebrações como o Réveillon, causam grande sofrimento a animais e pessoas sensíveis ao som, como aqueles com transtorno do espectro autista (TEA). Esse impacto tem mobilizado especialistas, ativistas e autoridades, que defendem legislações mais rigorosas e promovem campanhas de conscientização para substituir os fogos ruidosos por alternativas silenciosas.
Como os estampidos afetam os animais
Animais domésticos, silvestres e de criação sofrem de maneira intensa com o barulho dos fogos. A audição dos cães, por exemplo, é cerca de quatro vezes mais sensível que a dos humanos, tornando os ruídos insuportáveis. O professor de medicina veterinária Neander Oíbio explica que o barulho é interpretado como uma ameça iminente, causando pânico, acidentes graves e, em casos extremos, até colapsos fatais em animais com problemas cardíacos.
Uma pesquisa do Grupo Petlove revelou que 72,7% dos animais tentam se esconder ao ouvir fogos, 58,1% mostram-se assustados e 52,3% apresentam tremores. Esses números destacam a necessidade de ambientes seguros e de medidas preventivas para os pets durante as festas.
No caso dos animais silvestres, o impacto também é significativo. Aves podem sofrer ataques cardíacos, abandonar ninhos e perder a orientação de voo. Mamíferos e répteis entram em estado de pânico, prejudicando seus padrões naturais de comportamento, como alimentação e migração, gerando danos ao ecossistema.
Impacto em pessoas sensíveis ao som
Para indivíduos com TEA ou hipersensibilidade auditiva, os estampidos representam mais do que um incômodo. Sensores auditivos exacerbados podem desencadear crises de ansiedade, cefaleia e desorientação. A psiquiatra Ana Aguiar reforça que a previsibilidade é essencial: “Conhecer os limites do próprio corpo e estar preparado pode minimizar os efeitos negativos”.
Mila Guimarães, autista de Belo Horizonte, relata o alívio que os fones de ouvido com cancelamento de ruído trouxeram para sua rotina. “Agora consigo apreciar as luzes dos fogos sem me incomodar com os estalos”, comenta.
Desses artefatos, aguardando análise da Câmara dos Deputados.
Organizações como o Instituto Cultural e do Bem-Estar Animal (ICBEM) promovem campanhas para conscientizar a população e incentivar o uso de fogos silenciosos. “Fogos luminosos são uma alternativa bonita e inclusiva, que respeita a saúde de todos os seres vivos”, destaca Gleison Willy, presidente do instituto.
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil