novação em Saúde (PICTIS) da Fiocruz, com sede em Portugal, deu início às tratativas para a criação da primeira Rede de Vigilância do Norte e Nordeste do Brasil em Monitoramento de Patógenos Circulantes na Fauna Silvestre. O objetivo é estabelecer as bases para a sistematização das atividades da Fiocruz no escopo da Saúde Única (One Health) – que tem como base o entendimento de que as doenças dos animais e dos humanos estão associadas –, fortalecendo a vigilância e a pesquisa de patógenos com caráter zoonótico e a capacidade de proporcionar melhores monitoramento e respostas às epidemias.
A carta é assinada pelos diretores da Fiocruz Amazônia e da Fiocruz Ceará, Adele Schwartz Benzaken e Antônio Carlile Holanda de Lavor, respectivamente, e o coordenador do PICTIS, José Luiz Passos Cordeiro. De acordo com a diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, a intenção é avançar nas atividades de vigilância em Saúde Única, que já vêm sendo realizadas individualmente pelas unidades da Fiocruz, buscando a internacionalização dos projetos.
“Pretendemos buscar parcerias e sobretudo a captação de recursos de fundos internacionais para financiamento de pesquisas na área, incentivando atividades técnicas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e inovação de forma cooperativa entre as unidades envolvidas”, explica Adele Benzaken. As ações conjuntas em rede nessa área permitirão o desenvolvimento de processos e serviços inovadores e a transferência e a difusão de tecnologia, com vistas ao fortalecimento da vigilância epidemiológica. “Estamos dando o primeiro passo para a institucionalização da rede, que, acreditamos. dará grandes contribuições aos estudos sobre doenças emergentes e à saúde pública”, afirmou Benzaken.
Para o coordenador do PICTIS, José Cordeiro, a carta de compromisso formaliza uma iniciativa orgânica que nasceu da colaboração entre pesquisadores e é um instrumento importante porque coloca as gestões a par do que está sendo feito pelos pesquisadores. “A rede de pesquisa e vigilância surge dentro de um projeto concreto e colaborativo. Nesses tempos de poucos recursos, reunir as capacidades instaladas das instituições e laboratórios é uma forma de continuar avançando”, salienta Cordeiro, acrescentando que a iniciativa traz também a dimensão internacional da ideia de criação de rede. “A vigilância em saúde só se fortalece quando juntamos esforços com outras iniciativas no Planeta. Ainda não temos um papel tão forte na vigilância de patógenos com caráter zoonótico, porém temos a capacidade para fortalecer a vigilância e avançar nesse sentido”, observou.
Três unidades da Fiocruz realizam projetos de pesquisa de patógenos em fauna: Fiocruz Amazônia, Fiocruz Ceará e Fiocruz Paraná. No Ceará, o projeto foi financiado pelo Programa Inova Fiocruz com a finalidade de rastrear patógenos, com especial atenção para a família do Coronavírus, tendo em vista que as atividades foram iniciadas quando a pandemia já estava instalada. “Aproveitamos esse momento para também ampliar para outros patógenos zoonóticos que podem estar circulando na nossa fauna, contando inicialmente com as parcerias do Museu de História do Ceará e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e na sequência com a Fiocruz Amazônia, Fiocruz Rondônia e Fiocruz Paraná para agregar outros patógenos”, relatou José Cordeiro.
A Fiocruz Amazonia desenvolve monitoramento de patógenos em fauna silvestre desde 2014 desenvolvidos pela pesquisadora Alessandra Nava que atua na temática de Saúde Única. Atualmente a vigilância de patógenos de fauna silvestres e vigilância genômica são realizados pela pesquisadora Alessandra Nava e Felipe Naveca conjuntamente em projetos com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e INOVA Amazonia – os projetos contam com a parceria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra); e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Outros trabalhos de vigilância em patógenos parasitários em reservatórios silvestres são desenvolvidos também pelos pesquisadores Felipe Pessoa e Claudia Rios em conjunto com a Fiocruz Ceará , integrando as duas unidades .