Objetivo é avaliar o impacto das intervenções realizadas a partir do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz.
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) dará início na próxima segunda-feira, 17/10, ao Seminário Inova Saúde Indígena, que terá dois dias de duração, com a finalidade de promover o debate e o intercâmbio de experiências entre projetos do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, voltados ao fortalecimento do atendimento à saúde indígena nas cidades e aldeias amazônicas. O evento acontecerá na sede do ILMD, no primeiro dia, 17/10, e no Parque das Tribos, no Tarumã Açu, zona Oeste de Manaus, no dia 18/10. No Parque das Tribos, residem atualmente cerca de 2,8 mil indígenas de etnias diversas. O objetivo é reunir coordenadores de projetos e o público-alvo do seminário, (alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores, lideranças indígenas, representantes de organismos não-governamentais e dos governos municipal, estadual e federal), para discutir estratégias de vigilância em saúde indígena nos contextos urbano e das aldeias na Amazônia.
O seminário é organizado pelo Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), com apoio do ILMD/Fiocruz Amazônia, Programa Inova Fiocruz e Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (Procrad Amazônia). A mesa de abertura do evento será composta pela diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Ximena Pamela; a vice-diretora de Pesquisa do ILMD, Stefanie Lopes, os pesquisadores Júlio Schweickardt, chefe do LAHPSA e coordenador do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA); Rodrigo Tobias, coordenador do Projeto Manaos; Saúde Indígena nas Cidades; Kátia Menezes, coordenadora do Projeto Controle Social Indígena de Capacitação de Conselheiros de Saúde Indígenas, e Marcus Lacerda, coordenador do Projeto Vigilância de Envenenamento por Serpentes em Indígenas. Também estarão presentes as lideranças indígenas Wanda Witoto e Lutana Kokama.
O evento será composto por painéis e mesas-redondas com temas variados, iniciando com o lançamento dos vídeos “Projeto Manaós” e “Fortalecendo o Controle Social Indígena”, resultantes da implementação dos dois projetos. O primeiro painel, às 9h30, terá como tema “Referência e contrarreferência de pacientes do Ambulatório de Saúde Indígena do Hospital Universitário de Brasília”, abordado pela professora-doutora Graça Hoefel, do PPG Saúde Coletiva da UnB. Às 10h, acontecerá a mesa-redonda “Iniciativas de Pesquisa e impactos na vida dos indígenas na Amazônia”, com a apresentação dos projetos Manaós: Saúde Indígena nas Cidades, Caminhos do Controle Social e a Saúde Indígena e Inovando a Vigilância de Envenenamento por Serpentes em Populações Indígenas.
Em seguida, haverá a roda-de-conversa Diálogos e Impressões dos Projetos na Visão dos Indígenas, com as lideranças indígenas Wanda Witoto, Marcivana Sateré Mawé (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), Luiz Penha (coordenador de Saúde da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Adelaide Mota Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e GT Interdisciplinar Saúde Indígena, Edgar Hamann – PPG Saúde Coletiva – UnB, Celso Cabral, do Núcleo de Promoção do Respeito à Diversidade (NUPRED), da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa-Manaus). Em seguida, ocorrerá o lançamento do edital do livro “A Saúde Coletiva na Amazônia: redes de pesquisa, formação e situações de saúde e condições de vida”.
No segundo dia do seminário, durante a visita ao Parque das Tribos, acontecerá a oficina “A Vida como ela é…”, com a participação dos especialistas convidados, recebidos pela liderança indígena Lutana Kokama, e a coordenadora de Saúde Indígena da Semsa Manaus, Graciete Carvalho.
SOBRE OS PROJETOS
O projeto “Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano”, coordenado pelo pesquisador Rodrigo Tobias, teve os resultados apresentados no último mês de junho, com a entrega do relatório final das atividades do projeto na sede da Associação Indígena e de Moradores do Parque das Tribos. O projeto avaliou as condições de saúde da população indígena, residente na comunidade e sua capacidade de acesso á rede de serviços de saúde em Manaus. Realizado ao longo de 12 meses, o projeto foi aprovado na Chamada Pública 001/2021 Saúde Indígena do Edital Inova Fiocruz, com foco exclusivo no apoio a propostas que dialogam com os objetivos, princípios e pressupostos do Subsistema de Atenção à Saúde indígena (SasiSUS).
Entre as principais atividades promovidas pelo projeto, estão o mapeamento do perfil de saúde e, socioeconômico da população indígena que vive na comunidade, identificando processos de organização sociocultural e política, no acesso aos serviços de saúde, visando fortalecer a rede de atenção à saúde e proteção social responsável pelo atendimento às famílias do território, com o objetivo de priorizar o cuidado mediante o uso dos sistemas tradicionais indígenas de saúde.
A iniciativa de capacitação de conselheiros de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), de Manaus, foi viabilizada por meio de projeto aprovado no Edital de Saúde Indígena nº 1/2021, do Programa Inova Fiocruz. O curso foi uma das 14 propostas contempladas com recursos para a execução das ações e é resultado do trabalho desenvolvido pelas pesquisadoras da Fiocruz Amazônia Kátia Maria Lima de Menezes, doutora em Saúde Pública, e Fabiane Vinente, doutora em Antropologia Social, ambas pertencentes ao Laboratório de Pesquisa em História e Políticas de Saúde na Amazônia (Lahpsa). Também participaram do projeto o doutor em História e Ciências da Saúde Júlio Schweickardt, e a doutora em Medicina Tropical Luciete Almeida, pesquisadora do ILMD.
O Inova Fiocruz foi lançado em 2018 e tem como objetivo fomentar a pesquisa e a inovação, resultando na entrega de produtos/conhecimento/serviços para a sociedade, a partir de pesquisas na área de saúde. A partir do Inova Fiocruz, o Dsei Manaus – um dos 34 distritos sanitários especiais indígenas existentes no Brasil (destes sete estão situados no Amazonas) – foi o primeiro a implantar a iniciativa de capacitação on-line de conselheiros no Estado. A capacitação no formato de Ensino a Distância (EAD) foi oferecida, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, por ser a ferramenta digital mais utilizada no Amazonas, em razão da instabilidade dos serviços de internet.