O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) marcou presença na manhã deste sábado, 5/08, no evento Diálogos Amazônicos, em Belém (PA), com o pré-lançamento do livro “A saúde indígena nas cidades: redes de atenção, cuidado tradicional e intercultural”, obra desenvolvida a partir de trabalhos e incursões junto aos povos indígenas no Brasil, com especial atenção aos que vivem em contextos urbanizados. Entre as experiências abordadas, está o Projeto Manaós: Saúde Indígena no Contexto Urbano, coordenado pelo pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Rodrigo Tobias. Rodrigo apresentou o trabalho durante painel sobre Plano de Saúde da Amazônia Legal, numa iniciativa da Presidência da Fiocruz. O Diálogos Amazônicos é evento prévio da Cúpula da Amazônia, que acontecerá entre os dias 8 e 9/08, na capital paraense.
O Projeto Manaós, desenvolvido por meio do Programa Inova Fiocruz, realiza uma série de atividades voltadas para as 750 famílias de 35 etnias que vivem no Parque das Tribos, primeiro bairro indígena de Manaus, no Amazonas. O objetivo é reunir informações sobre a saúde dessas populações, para que se invista em políticas públicas que atendam a esse público em específico. Na primeira fase do projeto, foi feito um levantamento dos principais agravos de saúde que acometem essa população. Na segunda fase, que ainda está em andamento, a finalidade é investigar a prevalência de fatores de risco associados a doenças cardiovasculares.
Para Tobias, o pré-lançamento do livro num evento do porte do Diálogos Amazônicos é uma oportunidade de evidenciar projetos, iniciativas sociais, programas políticos e projetos de pesquisa que têm como enfoque a saúde de populações em situação de vulnerabilidade, nos grandes centros urbanos, entre eles populações e etnias indígenas. A edição é da Rede Unidas.
“Acreditamos que o livro possa ser um instrumento que vocaliza a necessidade e as bandeiras de luta e resistência dos movimentos indígenas, mas sobretudo conversa com as instâncias do Governo Federal, uma vez que pensamos em revisitar a política pública do subsistema de saúde indígena que não ampara a saúde dos indígenas não aldeados, e assim revisitarmos a política nacional de atenção básica, que tenha um enfoque de produzir vínculo e o cuidado com populações indígenas na perspectiva da interculturalidade”, afirmou o pesquisador.
Na oportunidade, estavam presentes o secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Vanderson Brito, e o assessor especial da ministra da Saúde, Nísia Trindade, Valcler Rangel Fernandes, além de representantes da Fiocruz Amazônia, Fiocruz Rondônia, Universidade Federal do Pará, Universidade do Estado do Pará, Instituto Emilio Goeldi e Instituto Evandro Chagas.
Além de Rodrigo Tobias, atuam como organizadores da obra Noeli das Neves Toledo, Camila Carlos Bezerra, Raniele Alana Lima Alves e Tais Rangel Cruz Andrade. O livro aborda experiências na atenção básica e especializada com populações indígenas, o trabalho em saúde indígena, promoção e educação em saúde indígena, vigilância de agravos com populações indígenas, cuidado tradicional e intercultural, ações de enfrentamento da Covid-19 nos territórios na relação com as redes de atenção instituídas nos centros urbanos de cidades situadas nos estados do Amazonas, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso, Santa Catarina.
MULTICULTURALIDADE
A obra concentra um conjunto de relatos e resultados de pesquisas, bem como reflexões fundamentadas sobre processos, estruturas e contextos diferenciados de produção de cuidado, na perspectiva da multiculturalidade, representativos das populações indígenas que acessam os serviços de saúde de quatro das cinco regiões brasileiras.
Assim, a obra colabora com a realização de um mundo melhor, quando apresenta dispositivos, arranjos e agenciamentos para a produção do cuidado junto a populações vulneráveis socioambientalmente, contrariando um sistema social discriminatório para indígenas que gera desigualdades sociais, principalmente nos centros urbanos.